Está faltando BASE às divisões de base do Esporte Clube Bahia

As campanhas dos times de base deixam a desejar...

Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / Bahia

Diz o adágio popular que, “Santo de casa, não faz milagre!”, e essa máxima popular, tem muito a ver com o que pensa os atuais gestores de futebol do Esporte Clube Bahia que no afã de fazer uma reforma geral nas divisões de base do clube, demitiram a partir de 2017, todos os profissionais que vinham agregando ao clube, bons resultados em campo para contratar profissionais chancelados pelo eixo Rio/São Paulo, os quais, ainda não deram nem ao time e nem ao seu torcedor, uma resposta positiva em campo que justificasse suas contratações. Não tenho a menor dúvida que essa é a pior divisão de base do Bahia dos últimos dez anos e não estou fazendo essa afirmação, em função da desclassificação do time sub-20 que foi eliminado pelo Athletico Paranaense, ainda na segunda fase da Copa São Paulo Júnior, num jogo que o tricolor jogou até um futebol razoável, mas, embora futebol não seja uma ciência exata, já estava escrito nas estrelas que, após o pífio futebol apresentado pela equipe na fase de grupos, onde foi buscar à classificação na bacia das almas, após estrear empatando em 1 x 1 com o Tupi de Juiz de Fora, venceu por 2 x 1 o XV de Piracicaba e encerrou a fase perdendo, em pleno Verão, para o Primavera-SP que, até então, estava “invicto” na competição sem conquistar um pontinho sequer.

 

Mesmo após aquele medíocre resultado, o Esquadrãozinho ainda conseguiu se classificar, com as calças nas mãos, com míseros quatro pontos dos nove disputados, ou seja, com um aproveitamento inferior a 50% e o pior, enfrentando clubes de pequena ou nenhuma expressão no cenário nacional e, quando enfrentou uma equipe qualificada, deu no que deu, botou 1 a 0 no placar e já perto de finalizar o jogo, não segurou o reggae, o Furacão empatou e nos pênaltis, venceu e se classificou para a próxima fase da competição.

Mesmo sendo um crítico assaz das gestões que antecederam o atual regime democrático tricolor, a bem da verdade, devo dizer que, houve além da revelação de alguns atletas oriundo das divisões de base a partir de meados da década de 2000, posso citar Elias, Cícero, Ávine, Bruno César, Anderson Talisca, dentre outros. Por razões éticas, tive que omitir o nome de um determinado volante que também, ascendeu ao profissional na época, todavia, na minha opinião e de quem manja um pouquinho de futebol, foi o maior blefe do futebol baiano dos últimos quinze anos. Entretanto, em matéria de time competitivo, não posso deixar de dizer que foi a equipe sub-20 de 2011, comandado por Aroldo Moreira, que fez uma bela Copa São Paulo, chegando à final jogando de igual para igual com o Flamengo que acabou sendo campeão da competição, após um jogo bem disputado, vice- campeonato que proporcionou ao Esquadrãozinho sua melhor campanha na Copa São Paulo Júnior.

Após esse grande feito, as campanhas dos anos subsequentes deixaram a desejar, mas, já em 2016 o Esquadrãozinho voltava a empolgar seu torcedor, não chegando à final como chegara em 2011 com o Flamengo e, se não tinha mais o atacante Rafael Gladiador que foi o destaque do tricolor naquela edição, não tinha mais o Aroldo Moreira no seu comando e sim, o jovem Edson Fabiano como treinador que conseguiu armar um time forte e competitivo. Contou com a participação decisiva do atacante Geovane Itinga, artilheiro da competição com 8 gols, após empatar com o Flamengo por 2 a 2 nas oitavas de final e perder nos pênaltis, por ter feito uma bela campanha no decorrer da competição, conseguiu uma vaga biônica nas quartas de finais, sendo eliminado pelo América/MG.

Está foi a última vez que o Esquadrãozinho competiu na Copa São Paulo e, com o desmanche das comissões técnicas das categorias sub-20, sub-18 e sub-16 quando resolveram demitir, sem que nem pra quê ou, talvez, pelo fato dos treinadores serem baianos, nordestinos, os competentes profissionais Aroldo Moreira, Edson Fabiano e, salvo engano, o Luciano Moura do sub-16, além do eficiente Aldo França, um valoroso profissional que atuava na prospecção e captação de novos talentos, essas divisões começaram à fraquejar, chegando ao ponto de serem meras coadjuvantes quando jogam em competições importantes de âmbito nacional.

Sei da imensa dificuldade de se encontrar no mercado, garotos talentosos, de técnica apurada que possam ser craques no futuro, haja vista que o adjetivo “craque” é uma espécie em extinção no futebol brasileiro, porque os tempos são outros, aliás, muitos craques se aposentaram sem ganhar dinheiro no futebol, muito diferente dos tempos atuais quando qualquer atleta meia-boca, às vezes, por fazer uma jogada bonita, cai nas graças da mídia e passa a receber altos salários. Antes da proliferação das escolinhas de futebol que estão espalhadas pelo Brasil, do Oiapoque ao Chuí, aconteciam em profusão, as peladas de rua ou em campos de várzea em qualquer lugar da cidade, onde os meninos eram observados por olheiros que quando constatavam que naqueles babas atuava algum garoto diferenciado, este era levado para teste em algum time profissional, sem nenhuma intromissão de empresário ou procurador e com o passar do tempo, se transformavam em craques e até ídolos do torcedor.

De algum tempo para cá, além da escassez de garotos que pratiquem futebol de qualidade, qualquer garoto que quer ser futebolista, já conta com um empresário, um procurador ou um  staff para administrar uma possível carreira e é assim que os clubes adquirem gato por lebre, começam à trabalhar e preparar o garoto em suas categorias de base com um alto custo e, no final, o benefício não aparece em função das deficiências técnicas do atleta e aí, o investimento acaba descendo pelo ralo.

O fato é que, nas diversas “peneiras” que são realizadas por um clube visando escolher um garoto que tenha dom ou aptidão para jogar futebol, sempre vai aparecer um “feijão” da vida que jamais dará certo jogando futebol, mas, o encarregado de selecionar os garotos, tem que ter olho bem clínico para acertar o máximo e errar o mínimo no processo seletivo. Isso é que a Instituição Bahia terá que começar ou recomeçar a fazer em suas divisões de base, ao invés de estar adquirindo atletas da base de clubes de outros estados, tem que prospectar garotos bons de bola, tanto aqui na Capital como no interior do estado, para que a médio ou a longo prazo, tenhamos atletas com o DNA do clube, praticando futebol de qualidade, guerreiros e altamente competitivos, totalmente diferentes desses atuais garotos que jogam pedra em santo e só fazem enxovalhar o manto sagrado do nosso querido Esporte Clube Bahia, nas competições que participam. Isso mesmo, só participam, não competem. Isto posto, a atual Divisão de Base do Bahêa, terá que ser reinventada, ou melhor, totalmente reformulada!

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

 

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!

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