Ex-treinador do time Sub-20 do Bahia divulga nota após demissão. Veja!

Aroldo Moreira agradeceu ao Bahia pelo tempo que passou na base

Demitido junto com o “pacotão de dispensa” da diretoria do Bahia que vai promover uma reformulação geral nas divisões de base, o ex-técnico da equipe Sub-20 do Esquadrão, Aroldo Moreira, divulgou uma nota onde agradece ao Tricolor Baiano pelo tempo de trabalho na divisão de base do clube. Aroldo também cita nomes de atletas que ele formou, exemplos de Gustavo Blanco, Felipinho, Junior Brumado, etc, além das competições em que o Bahia disputou e se destacou ao seu comando.

Veja a nota abaixo:

“Eu, Aroldo Moreira, venho por meio desta nota agradecer ao Esporte Clube Bahia pelos quatro anos e sete meses em que trabalhei no clube. Foi um período de trabalho intenso e total dedicação, que renderam a mim, ao clube e a todos os torcedores inúmeras alegrias. Como em qualquer categoria profissional, a evolução dos resultados obtidos é fruto de uma filosofia de trabalho e da aplicação contínua de processos estratégicos. No futebol não haveria de ser diferente.

Sou um desportista nato. Ex-atleta profissional, graduado em Educação Física e com quase vinte anos de carreira, iniciei minha atuação em comissões técnicas em 1999, quando ingressei no Camaçari F. C como auxiliar técnico e logo eliminamos o Paraná Clube na Copa do Brasil. Sob meu comando, já como treinador, o time alcançou o 3º lugar no Campeonato Baiano e, em seguida, conquistamos o título da Taça Estado de maneira invicta, por meio da qual obtivemos a classificação inédita do clube ao Campeonato Brasileiro da Série C. Desde então, não parei mais. Minha carreira vem sendo construída através da aliança das experiências práticas nos clubes à qualificação técnica por meio de estudos teóricos. Entre alguns exemplos, estão os Curso Internacional de Treinador de Futebol, promovido pela SITREPESP, o Curso de Psicologia e Esporte, ministrado pela Profª Kátia Rúbio, e o Curso “Educar Pelo Futebol – Meu Time é Nota 10”, organizado pela UNICEF/Universidade do Futebol. No presente momento, estou participando do Programa de Qualificação de Profissionais da Confederação Brasileira de Futebol “Licença B – CBF”, que traz o que há de mais moderno na formação de treinadores no país. Diz a sabedoria popular que é ensinando que se aprende, então também venho experimentando o “outro lado da moeda”. Fui convidado a ser palestrante no Fórum de Psicologia do Esporte, promovido pela Faculdade Ruy Barbosa, e no Curso de Captação, referente à disciplina Reflexões e Metodologia do Futebol, da UNEB. O futebol evolui e eu venho evoluindo junto com ele.



Durante minha trajetória no clube, passei por diversas categorias, como o sub-17, sub-18, sub-20 e, pontualmente, pelo departamento profissional. Em atendimento às diretrizes das gestões com as quais convivi, mantive o foco na formação de atletas qualificados, que propiciassem retorno técnico e financeiro, sem descartar a busca pelas conquistas. E não foram poucas conquistas! Em 2014, tivemos um ano maravilhoso, visto que vencemos o campeonato estadual em todas as categorias. Nacionalmente, iniciávamos ali a era mais vitoriosa de um treinador de base na história do clube! Fizemos a melhor campanha do clube na Copa Rio sub-17, quando vencemos um BaVi de virada, em plena semifinal, por 2 x 1, e fomos finalistas frente ao Fluminense. Já na categoria sub-20, estivemos entre quatro primeiros na Copa do Brasil e eliminamos o São Paulo, conhecido por sua estrutura e investimentos gigantescos em suas divisões de base, em pleno Morumbi. Em 2015, voltamos a colocar o clube entre os quatro primeiros do país, desta vez no Campeonato Brasileiro. O ano de 2016 merece um capítulo à parte por ter sido tão especial, motivo que o levou a ter ficado mais vivo na memória de muitos. Felizmente, como supracitado, foi apenas um de vários anos muito vitoriosos! Neste ano, vencemos todas as competições no âmbito estadual e o sub-20 teve seu melhor acúmulo de resultados positivos nos mais de 80 anos do tricolor. Fomos campeões baiano invictos, inclusive tendo vencido um BaVi no Barradão, algo que o clube não conseguia na base há mais de cinco anos e não o repetiu desde então. Representamos o clube na Copa do Nordeste, competição profissional na qual utilizamos uma equipe formada somente por jogadores abaixo dos 20 anos e colaboramos diretamente com a marca recorde de melhor início do Bahia na história, com dez triunfos consecutivos. Realizamos uma campanha marcante na Copa do Brasil, sendo finalistas frente ao São Paulo, clube que se sagrou campeão de todas as competições disputadas por este naquele ano (do estadual à Taça Libertadores). A propósito, em 2016, a equipe Sub-20 do Bahia derrotou todos os times contra os quais disputou, excetuandose o São Paulo. Este feito é para poucos! À frente da divisão de base do Bahia, estive entre os quatro primeiros colocados do Brasil ao longo de anos consecutivos. Traçando um paralelo, caso esta marca tivesse sido alcançada pela equipe profissional, esta seria classificada para a Taça Libertadores. Infelizmente, isto não ocorre com um clube baiano há mais de duas décadas. No decorrer do ano, assim como havia ocorrido em 2015, fui requisitado pela Diretoria a dirigir a equipe profissional na série B. Totalizei cinco partidas à frente do clube, algo que muito me orgulha e me coloca num seleto grupo de poucos baianos com esse privilégio (o que é uma pena, diga-se-de passagem).

Nos embates nacionais, levamos larga vantagem sobre outros grandes clubes do país. Vencemos o Cruzeiro cinco vezes, eliminando-o de diversas competições. Ainda em Minas Gerais, superamos o Atlético-MG com direito a uma goleada por 5 x 2 na campanha de 2016. Eliminamos o Internacional da Copa do Brasil, vencendo o adversário de maneira categórica em sua casa, no Rio Grande o Sul. Referente aos clubes cariocas, vencemos o Vasco em duas oportunidades, o Botafogo na Copa Ipiranga 2017 e o Fluminense na Copa do Brasil 2016. Em São Paulo, vencemos e eliminamos o Santos na Vila Belmiro, pela Copa do Brasil 2017. Vencemos também o Corinthians, pela Copa Ipiranga 2017, eliminamos a Ponte Preta em competições anteriores e empatamos com o Palmeiras em uma disputa amistosa, em 2017. Apesar das dificuldades enfrentadas neste ano, não deixaram de ocorrer triunfos sobre grandes adversários! Mas, como dito anteriormente, o foco da divisão da base é formar. Ao longo desta jornada, revelamos e negociamos atletas talentosos, como Pará, Bruno Paulista, Rômulo, Jean, Matheus e Juninho Capixaba, o qual havia sido dispensado do clube anteriormente. Participei diretamente de sua volta por cima na carreira, transformando-o de um razoável meia a um lateral-esquerdo de qualidade e desempenho comprovados nacionalmente! Todos estes talentos que ajudei a revelar e a formar, geraram mais de R$30 milhões em receita ao clube, além do retorno técnico apresentado em campo e patrimonial, já que o clube adquiriu outros jogadores na composição das negociações. Na equipe profissional atual, contribuí com a formatação do elenco ao revelar e formar outros jogadores iniciantes com potencial, como Rodrigo Becão, Everson, Luís Fernando, Marco Antônio, Felipinho, Júnior Brumado, Geovani Itinga, Deijair e Cassiano. Além destes, temos ativos do clube em outras praças, podendo gerar recurso financeiro no futuro ou retornarem com acúmulo de experiências distintas, a exemplo de Gustavo Blanco (no Atlético Mineiro) e Gustavo Balotelli (no futebol asiático pelo terceiro ano consecutivo). No meio futebolístico, a continuidade do trabalho pressupõe a possibilidade de replicar estratégias vencedoras, adaptando-as ao aprendizado obtido também com resultados adversos, e a reposição de jogadores aptos a executar os plano de trabalho proposto. Sem reposição para as carências ou com uma mudança brusca na maneira de se trabalhar, qualquer profissional da base técnica fica exposto ao risco de ser avaliado por uma memória curta, seletiva e enviesada para resultados de curto prazo. Isso é incoerente com os resultados de longo prazo e desconsidera a predominância de resultados positivos no histórico do profissional. Assim, por não poder dar continuidade a este trabalho e a esta trajetória, predominantemente vitoriosa, que demonstro o meu pesar por meio desta nota.

Gostaria, por fim, de agradecer imensamente aos funcionários e colegas, aos atletas, aos dirigentes e, principalmente, à imensa torcida que sempre me tratou com carinho e respeito. Fui muito feliz no período em que passei no E. C. Bahia e creio que também fiz muita gente feliz. Afinal de contas, alguém que deixa de ser chamado por seu nome para ser conhecido no clube como “Bacana”, certamente pavimentou um caminho positivo aos que virão a seguir!

Abraços,

Aroldo Moreira.”

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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