Maior centroavante da história do Vitória completa 30 anos

Equipamento apontado por muitos como fator fundamental para os avanços do Esporte Clube Vitória, o Barradão completa, nesta sexta-feira, seu trigésimo aniversário. O feito é celebrado pelo Leão no seu site oficial, onde o equipamento é tratado como o maior centroavante na história do clube.

Responsável direto pelo crescimento e títulos conquistados pelo Vitória, o Barradão foi inaugurado em 11 de novembro de 1986, em amistoso entre o Leão e o Santos, que terminou empatado em 1 a 1. Desde então, em meio à diversas reformas, ampliações e necessárias intervenções, o Vitória conquistou a hegemonia estadual e regional no futebol.

Em 1993, já utilizando o Complexo Barradão como Centro de Treinamento, o Vitória alcançou a final do Campeonato Brasileiro.

A partir de 1994, quando o Santuário passou a ser regularmente utilizado pelo clube, o Vitória conquistou quinze Campeonatos Baianos e quatro Copas do Nordeste. Em 2010, o Leão mais uma vez chegou a uma final de competição nacional, a Copa do Brasil.

Para iniciar as homenagens aos 30 anos do Barradão, confira texto do jornalista rubro-negro, Paulo Leandro, professor doutor em Cultura e Sociedade, escrito especialmente para esta data.

Barradão: força viva do Super-Vitória!

Ao decidir-se pelo Barradão, a comunidade imaginada dos rubro-negros optou por rejeitar as muletas metafísicas com as quais o Vitória iludia-se. As muletas funcionavam bem porque o clube não se sentia seguro para manter-se de pé, por si mesmo.

Eram três as muletas com as quais o Vitória enganava-se a si próprio: o dinheiro dos conselheiros, o poder político dos governantes e a ilusão de ter nascido num berço esplêndido o suficiente para não precisar trabalhar muito por suas glórias.

Com o Barradão, o Vitória criou mecanismos de obter receita própria para seus investimentos. Fortaleceu as categorias de base, com as quais revelou e negociou craques, com o Brasil e o exterior, a ponto de tornar-se o maior mercador do país.

Com o Barradão, o Vitória inverteu a relação com o Poder, e em vez de necessitar de doações eventuais, passou a negociar seu apoio a grupos políticos, conquistando desde refletores até influência simbólica e ideológica junto às instâncias de poder do futebol.

Com o Barradão, o Vitória abandonou a ilusão que o mantinha no passado enganador. O clube, nascido na aristocracia, representada em Salvador, pelos casarões do Corredor da Vitória, tinha como alicerce um castelo de areia, fundado no nada de um vago ideal.

Ao capinar a frente do Estádio Manoel Barradas, após tê-lo erguido; ao mandar ali os seus jogos, ainda sob o fedor do lixo que era atirado nas vizinhanças pelas caçambas da prefeitura, o Vitória disse não ao passado.

Com o Barradão, o Vitória passou a viver de seu agora contínuo e incessante, da construção de cada nova estrutura que se agregava a anterior para fazer do Manoel Barradas uma praça de esportes capaz de modificar não só ao próprio Vitória.

Toda a comunidade foi transformada pela potência que o Barradão gerou e não para de gerar. Onde havia crianças disputando restos de comida com urubus, hoje há comércio e prédios residenciais.

Esta modificação contínua há 30 anos vem sendo possível porque a cada título, a cada craque, a cada nova quebra de recorde de renda e público, o Vitória habituou-se a querer sempre mais, tornando a alegria de ser rubro-negro o estado mais potente de viver.

Enfrentar clubes do Sudeste em condições de rebaixá-los, alcançar posições dignas e ceder jogadores para a Seleção – eis o remédio de superar a si mesmo! O Vitória segue vencendo o próprio Vitória, a cada aurora, e aquele Vitória das muletas, enfim, morreu.

A modificação do perfil do clube, que antes, no tempo das muletas, penava para beliscar uma ou outra taça, derrotado por suas próprias idealidades, transformou também o apetite de sua torcida, um apetite voraz e insaciável, que reflete a saúde de um campeão.

A satisfação plena de buscar vencer um jogo após outro, em vibração incessante pelo Nego, como o nome do novo Vitória foi adaptado, é a melhor demonstração de como este super-clube vem se fortalecendo a cada encontro com o mundo da torcida.

Não há como voltar e, mesmo os que, por serem reativos, têm alguma saudade do tempo das muletas, precisam aquietar seu ânimo pelo retrocesso, pois o Vitória de ontem não será o Vitória de amanhã porque, desde o Barradão, só o que há é o Vitória de hoje.

Um hoje que nunca passa, pois, encerrado um jogo, este já se coloca na inexistência, e a próxima partida, a preparação, o coletivo, a nova contratação, a orientação tática, todos estes detalhes, compõem o agora do Vitória, reconciliado com o real de ser Vitória.

Com o estádio Manoel Barradas, ou o vulcão Manoel Barradas, se preferirem, o Vitória fez da força, da potência, da energia, das suas forças vitais, os seus afetos mais vigorosos, o combustível que o torna um super-clube, capaz de ir além dele mesmo.

O forte também tropeça, mas quando o forte tropeça, sabe levantar-se com a ligeireza dos que são dotados da super-potência de terem construído a si próprio, sem o amparo, o suporte ou a falsidade de ilusionistas.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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