Santa Cruz, o “Leicester do Sertão” no Brasileiro 2016

Com sete pontos na tabela de classificação e a liderança garantida na terceira rodada, o Santa Cruz volta a campo neste sábado (28) diante da Chapecoense, em Santa Catarina, pelo quarto jogo do Campeonato Brasileiro cheio de moral e com o nariz de pé, afinal, não é todo dia que poderemos observar um clube no nordeste, sempre apontado como cabeça de chave de qualquer grupo de prováveis rebaixados na liderança de um Campeonato do porte do Brasileiro da Série A, especialmente considerando que há 5 anos, o clube pernambucano participava da Série D, além de ter um orçamento de R$ 15 milhões, contra R$ 363 do Cruzeiro, por exemplo. Porém, acredito em exagero já chamar o Santinha de “Leicester do Sertão” como acontece pelas redes sociais, afinal, estamos apenas na 3ª de um Campeonato de 38 rodadas sempre com jogos duros e complicados.

Se a liderança é uma surpresa para a maioria, para o presidente do clube, Alírio Moraes de Melo, não, já que parte das metas foram alcançadas. Acesso. Estadual e Copa do Nordeste. Nesta sexta-feira, o dirigente concedeu entrevista ao jornal São de São Paulo, onde reconhece que a situação financeira do clube não é boa e acredita que no máximo, em seis anos, seja reduzido o estoque de débitos e que a verdadeira meta do Santa Cruz é acabar o ano entre o 10 primeiros do Brasileiro da Série A.

Veja um resumo da entrevista.

No começo de seu mandato, em março de 2015, o dirigente fez questão de expôr a público suas metas: boa colocação no Estadual daquele ano e acesso à série A do Brasileiro. Em 2016, faturar o título inédito da Copa do Nordeste e o Campeonato Pernambucano.

As promessas ousadas lhe renderam o apelido de “Delírio” entre os torcedores, mas nada que mexesse com seu brio ou que pudesse desanimar a tentativa de fazer com que o Santa Cruz figurasse novamente entre os grandes do futebol brasileiro.

“A brincadeira do delírio até nos estimulou para que seguíssemos além de onde as pessoas, os críticos, enxergavam”, afirmou Alírio

Com uma receita de R$ 15mi, muito distante dos R$ 363mi do Cruzeiro, clube com maior receita em 2015, venceu o título do Pernambucano e conseguiu acesso para a segunda divisão do campeonato nacional com a vice-liderança do torneio. Já 2016 começou de forma perfeita: campeão pela primeira vez da Copa do Nordeste, o bi-campeonato do Estadual e a liderança por duas rodadas seguidas no Brasileiro.

Com o retorno à elite do futebol, o caixa consecutivamente aumentou. A perspectiva do clube é que o orçamento desse ano seja de aproximadamente R$ 40 mi, entre cotas de TV, bilheteria, programa de sócios e patrocinadores.

O valor ainda é irrisório perto dos grandes clubes brasileiros. O Corinthians, por exemplo, recebeu só de direitos de TV R$ 141mi. A diferença é reconhecida pelo dirigente, que mantém a cautela em relação ao momento vivido.

“A liderança atual não nos ilude, pois sabemos das dificuldades naturais do campeonato e temos consciência também das nossas limitações financeiras frente aos grandes clubes do futebol nacional. A questão financeira é ainda o grande adversário a ser vencido”.

De acordo com o presidente, quando ele assumiu a gestão do Santa Cruz o clube ‘apresentava um passivo superior a R$ 100 milhões, sendo R$ 50 milhões na Justiça do trabalho, R$ 35 milhões de passivo tributário, incluindo INSS e FGTS, e R$ 15 milhões na justiça comum’.

“Hoje, passados um ano e meio de gestão, estamos com os débitos parcelados na Justiça do Trabalho e, no caso do passivo tributário, incluidos no regime especial de pagamento do Profut. As parcelas do Profut são pagas com as liberações do Timemania conforme previsão legal. Com relação aos valores da Justiça Comum estamos trabalhando caso a caso, ora discutindo aquilo que entendemos ser direito do clube, ora parcelando aquilo que entendemos ser devido. Nossa expectativa é que nos próximos seis anos baixe muito o estoque de débitos”, disse.

“As perspectivas são as mesmas: de se fazer uma excelente campanha no Campeonato da Série A com o Santa estando sempre entre os 10 primeiros colocados”, cravou. “Em verdade, nossos pés nunca saíram do chão”, finalizou

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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