Lembro que na década de 80 ou 90 existia um livro chamado “A Insustentável leveza do ser”. Se não me engano, foi feito um filme baseado no mesmo, ambos com relativo sucesso. A galera cabeça adorava, eu para me enturmar, tentava ler, mas não conseguia nunca passar do segundo parágrafo, minha cabeça de engenheiro não conseguia acumular o conteúdo filosófico da obra. Achei aquele livro chato para p…
Mas, por qual motivo estou falando desta obra? O motivo que me trouxe esta lembrança é a forma que a torcida do Bahia tem se manifestado nas redes sociais, daria um livro, o quase best-seller. É inacreditável como os anos de 90 e 2000, os quais passamos no buraco, fizeram mal a nossa torcida, se antes éramos só vibração, hoje, somos só reclamação; se antes valorizávamos nossos jogadores nos triunfos, hoje, ganhamos porque os adversários são fracos; se Marcelo Santana se cala, é um covarde, se fala, é um merda que só abre a boca para falar besteira; se nosso goleiro vai bem, a culpa é da zaga que deu chance ao adversário; se contratamos muito, criticamos porque não damos chance à base; se damos chance à base, precisa contratar porque a molecada é fraca, parece um mantra, só sabemos repetir queremos reforços; poderia citar mais um monte de asneira que venho lendo, mas vou parar por aqui. Só vejo vibração e empolgação nas postagens das embaixadas espalhadas pelo Universo. Continue lendo.
De repente, isto tudo é apenas um fenômeno comum na era da internet, onde todos se sentem mais a vontade para soltar o verbo na frente do monitor ou da tela do Smartphone, largando ali todas suas frustrações diárias, sem representar o seu verdadeiro sentimento. PQP, o time vem fazendo uma campanha histórica, 100% de aproveitamento e melhor campanha da história da Lampions, vantagem garantida nas finais do Baiano, único time a ganhar fora nas quartas do Baiano ou da Lampions, brocamos o Santinha e o Fortaleza fora, 1 derrota (Ah!!! Mas, foi para o Vice, gostam de lembrar os torcedores), 1 empate e 14 triunfos em jogos oficiais. Só que para nossa torcida, tudo isto é fruto da fragilidade dos nossos adversários, não dos nosso méritos, até porque não os temos para nosso exigente torcedor. Esquecem que todos os times das Séries A e B estão enfrentando adversários mais frágeis, e nenhum tem a mesma campanha do Esquadrão.
Ademais, sou torcedor e também estou puto por ficar 7 jogos sem brocar a Leoa, 2 anos é muito tempo sem espancar nosso freguês, isto dói e magoa, mas não podemos por causa disto jogar na lata do lixo (não falei Barradão) todo o trabalho que está sendo feito pelo conjunto tricolor. Nossa torcida cai como patinho no jogo de parte da imprensa baiana que supervaloriza os jogadores e conquistas do Vice e diminui nossos feitos e malha nossos atletas. Temos de acordar, criticar e cobrar quando necessário, mas valorizar, elogiar e sobretudo incentivar quando acertar, e este é um momento de acerto.
Os números acima, na década de 80, seriam motivo para Fonte Nova cheia e aeroporto lotado para recepcionar os jogadores, hoje servem para nos lembrar que ainda não conseguimos o acesso, que os adversários são fracos, que K9 foi para o Vice, que a grama do vizinho é mais verde, e por aí vai. Parece que a galera torce contra só para dizer no final que tinha razão. Ou seja, ler as postagens da galera do Bahia está se tornando chato para cac…, mais ou menos como ler “A insustentável leveza do ser”.
Encerrando, não acho que o Bahia está uma maravilha, que estamos jogando o fino da bola, que somos o Bayern de Salvador ou o Barcelona dos Trópicos, que não precisamos de reforços, que Doriva é o novo Guardiola, nada disto, só acho que o trabalho feito em 2016 tem dado frutos, que o time, mesmo quando desfalcado, tem mostrado um padrão de jogo e ganho seus jogos sem grandes sustos, que as contratações foram acertadas, e que a base vem dando conta do recado quando acionada. Por isto o elenco e a comissão técnica merecem mais respeito e apoio do torcedor, não somente cornetagem.
Por: Miguel Leite – Blog Sobahêa.