Não quero posar pelado: diz presidente do Vitória

O atual presidente do Vitória, Raimundo Viana assumiu o cargo no Esporte Clube Vitória em substituição ao modernoso Carlos Falcão, completamente desacreditado, até por parte significativa da torcida rubro-negra que o chama(va) de “velho de bengala” quando não, de representante do atraso. Moral: levou o time para Série A, aumentou o números de sócios e está montando uma equipe forte para o Campeonato Brasileiro da Série A calando os insatisfeitos da ocasião. 

O vovô mundico como agora é tratado concedeu entrevista ao jornalista Ricardo Palmeira do Jornal a Tarde onde falou acerca de diversos assuntos do Leão e as suas expectativas futuras e afirma: o Vitória não deve nada a qualquer time brasileiro na atualidade e confirmou que o Vitória tomou adiantamento da sua cota com a Rede Globo, por fim, Raimundo Viana assumiu sua condição de torcedor rubro-negro dos bons, ao afirmar: “não entrei no Vitória para sair consagrado. Entrei para consagrar o Vitória. Não quero notoriedade. Não entrei aqui para posar pelado para revista. Não entrei para ganhar voto para vereador ou deputado.”

Veja a entrevista:

A quantas anda o projeto da Arena Barradão?

Estamos praticamente com o projeto delineado, faltando pequenos detalhes para que possamos partir para buscar o investidor.

Tem algum em vista?

Os capitalistas que querem investir estão por aí. Só que não podemos ir até eles com o papo de “olhe, nós temos um plano…”. É preciso chegar com uma coisa pronta e objetiva: “está aqui, o projeto é este e os custos levantados são estes”.

Qual é a projeção de custos?

Em torno de R$ 250 a 300 milhões. É factível. Menor, por exemplo, do que as arenas do Atlético Paranaense e do Corinthians.

Já tem previsão de quando vocês terão o projeto pronto? E quando a Arena Barradão estará concluída?

Acredito que dentro de 30 a 60 dias estaremos no mercado buscando investidores. A ideia é fazer a inauguração da Arena Barradão em 13 de maio de 2019, uma data emblemática, que vai comemorar o aniversário de 120 anos do Vitória.

Há uma semana, vocês fizeram uma grande festa por Victor Ramos, Dagoberto e Kieza. Vêm mais reforços por aí?

O Vitória fez esses investimentos dentro da racionalização financeira e estrutural das coisas. Todo mundo reclamava de um 9. Então, fizemos um sacrifício e trouxemos Kieza. Foi uma contratação rara, que não se via nos últimos 20 anos no Norte/Nordeste do Brasil. Até porque não foi só um empréstimo ou contrato com alguém que estava livre. Foi a compra dos direitos econômicos de um atleta que tem grande mercado.

Isso comprometeu de alguma forma as contas do clube?

Não. Tudo que temos feito é com recursos do Vitória.

Virão novas contratações de peso nos próximos meses?

Eu diria com segurança que nosso grupo é de Série A. Não vejo time com goleiro melhor do que Fernando Miguel ou muito melhor do que Caíque. Poucos têm zagueiros como Ramon, Victor Ramos, Guilherme Mattis e Vinícius. No meio, estou encantado com a performance de Willian Farias. E o que falar de Amaral? E quantos clubes possuem atacantes mais qualificados do que Kieza, Dagoberto, Marinho e Vander? Outro dia, vi um jogo do Flamengo na TV. Nossos atletas não devem nada a Guerrero e Emerson Sheik. Mas lógico que estamos atentos ao mercado.

Fora o triunfo por 2 a 0 no Ba-Vi, o Vitória não emplacou em 2016. De sete jogos no Baiano, perdeu dois (1 a 0 para Flamengo de Guanambi e Flu de Feira) e empatou um (1 a 1 com o Vitória da Conquista). A quê você credita isso?

Questões circunstanciais. O Fluminense chutou três bolas. Uma, Fernando Miguel pegou. A segunda foi um chuteco. A terceira foi um chute que acho que o garoto não acerta mais na vida. Contra o Vitória da Conquista, em Ilhéus, houve uma série de dificuldades que não vão à mídia e nem quero arranjar desculpa. Nosso voo estava programado para sair de Salvador às 12h (o jogo seria às 21h30), mas só saiu às 13h30. Era para almoçarmos às 13h, mas só almoçamos às 14h30. Depois, partimos para a preleção e o jogo. O descanso ficou comprometido. No estádio, chegamos ao vestiário e cadê a água? Não tinha! Fora o campo em situação muito precária. Era ruim para os dois lados, mas o Vitória tem um outro padrão e saiu muito mais prejudicado.

Há poucos meses vocês assinaram um novo contrato com a Globo para transmissão dos jogos a partir de 2019. Foram termos vantajosos?

Fizemos uma prorrogação de contrato apenas por um ano. Já tínhamos, como os demais clubes, contrato até 2018. Foi um acordo bom para nós e para a Globo. Porém, não podemos revelar valores por cláusulas de confidencialidade.

Fala-se que a Globo adiantou R$ 40 milhões e que descontará esse valor das cotas de TV a partir de 2019. É verdade?

Existiu adiantamento, mas foi longe dessa ordem.

O Esporte Interativo tem procurado clubes para cobrir o valor ofertado pelo Globo com relação às transmissões em TV fechada. Vocês chegaram a negociar com eles?

O Esporte Interativo tem fechado contratos de 2019 a 2024. Já há clubes que estão comprometidos com eles ou com a Globo por todo esse período. O Vitória, não. De 2020 para cima, não negociamos com ninguém. Temos espaço para negociar contratos que serão mais vantajosos para o Vitória no futuro.

A democracia tem dominado a pauta no Vitória. As eleições diretas, enfim, vão sair?

O novo estatuto é de competência do Conselho Deliberativo e da Assembleia Geral de Sócios. Não me cabe interferir nas funções deles. Vou participar como conselheiro, sócio e torcedor que sou. Tenho dito e repito: sou a favor da eleição direta. Alguns conselheiros nem eram a favor, mas passaram a ser graças, como eles mesmo dizem, à liderança positiva que eu exerço. Isso fez com que o Conselho Deliberativo aprovasse por unanimidade as eleições diretas na reunião ocorrida há cerca de três semanas. Agora, no estatuto não se discute apenas sistema de votação. Por exemplo, qual é a estrutura do Conselho Diretor, quantas diretorias devem haver? Quantos tipos de sócios haverá? Como será o sistema disciplinar vigente? Como será a composição do Conselho Deliberativo? Enfim, há uma série de outras coisas que ainda precisam ser discutidas para, aí sim, o novo estatuto ser levado à Assembleia Geral. A eleição do clube só será em dezembro. É tempo de sobra e falta pouca coisa. Acho que dois ou três encontros no Conselho serão suficientes. Uma reunião acontecerá nos próximos dias para uma última discussão. Depois, um ou dois encontros para a redação final e aí é só convocar a assembleia.

E quanto a datas?

Será em poucos meses. Acho que até junho. Já pensou que presente maravilhoso de São João para a torcida? Ou melhor: até arrisco como prazo razoável a assembleia ser convocada para 13 de maio: uma data simbólica, aniversário do clube.

Você será candidato?

Vou ficar devendo esta resposta. Talvez eu tenha sido o presidente que mais se emocionou no Vitória nestes últimos tempos. Cheguei sem incutir qualquer esperança na torcida. Havia movimentos de revolta e dizendo que eu não ficaria 15 dias no clube. Deus me deu resignação e força para ir em frente. Também pôs no meu caminho pessoas que foram fundamentais para o sucesso. As simbolizo na figura do vice-presidente Manoel Matos, um homem muito sério e executivo da melhor qualidade. E até ele foi utilizado de maneira perversa, com fofocas que eram espalhadas sobre quem mandava no Vitória. Tudo para que houvesse desagregação. Mas nós convivemos maravilhosamente bem. Foi uma benção ter pessoas como ele ao meu lado.

O candidato do grupo vai sair entre você e Manoel Matos?

Não me preocupo com política. Contudo, lutarei com todas as forças para impedir que os projetos e grandes avanços pelos quais o Vitória está passando caiam em mãos pouco recomendadas. Já teve gente que disse que a hora de sair era esta, pois eu sairia consagrado. Mas eu digo: não entrei no Vitória para sair consagrado. Entrei para consagrar o Vitória. Não quero notoriedade. Não entrei aqui para posar pelado para revista. Não entrei para ganhar voto para vereador, deputado… Não entrei para ter resultado financeiro. Aliás, o novo estatuto se encaminha para aprovar remuneração para presidente e vice. Este dinheiro não virá para mim. Vou usá-lo para construir uma capela no clube. Ah, mas já tem uma, a de Nossa Senhora da Vitória? Não tem problema! Construo outra, a de São Raimundo (risos).

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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