Bahia: Lateral Ávine diz que se sente desrespeitado

O lateral Ávine se afastado ou não, não faz parte dos planos do Esporte Clube Bahia para a temporada 2016. Com contrato próximo de ser encerrado, o vinculo não será renovado, encerrando assim, uma trajetória de 10 anos no clube. Neste Domingo em entrevista concedida a jornalista Fernanda Varela do Jornal Correio da Bahia, o lateral comenta a decisão da direção do clube e, sobretudo, seu afastamento para aprimorar a forma física já que não consegue acompanhar o ritmo dos treinos, como alega a direção do clube. O jogador nega e diz que se sente desrespeitado.

Veja a entrevista na integra

Você foi afastado dos treinos com o elenco. O que aconteceu?

Também queria saber. Ninguém me falou nada. Simplesmente cheguei para treinar e os meninos da rouparia me entregaram um tênis no lugar da chuteira. Eu estranhei e falei ‘oxe, por que tênis?’ e eles falaram ‘não sei, mandaram te entregar um tênis e ficar aí na academia hoje e depois do treino Doriva vem falar com você’. Foi só o que me disseram até agora. Foi uma decisão da diretoria e eu acatei.

O Bahia sustentou que a decisão foi da comissão técnica, para aprimorar a forma física…

Não foi. Depois do treino, Doriva veio conversar comigo. Ele disse que não tinha nada a ver com a situação, que não foi uma decisão dele e que o meu afastamento tinha sido uma decisão da diretoria e ele ia respeitar. Ele disse também que me respeitava pelo meu caráter e história no clube, mas que não era uma decisão dele e não ia interferir, até porque ele chegou agora. E eu entendo ele. Outra coisa: quando eu cheguei, Doriva foi um cara muito transparente comigo e muito honesto. Eu disse a ele que estava pronto para ajudar e queria muito jogar e treinei normalmente. Em momento algum ele disse que eu não seria utilizado por desejo dele.

O que você sentiu ao saber que foi afastado?

É uma mistura de sentimentos, porque acho que, no mínimo, alguém deveria vir falar comigo, conversar cara a cara, sabe? Expor mesmo o que eles estão sentindo ou o que querem em relação ao meu futuro. É o meu futuro, eu acho que tenho direito de saber, mas ninguém se deu ao trabalho de me dizer nada. Só deixaram um recado na rouparia.

Você vai procurar a diretoria para conversar?

Eu? Eu não.

Por quê?

Porque eu não tenho nada para falar com ninguém. O médico do clube (Luiz Sapucaia) me liberou para treinar normalmente, disse que eu estava em condições de treinar junto com o resto do grupo. Não vou procurar saber nada deles porque todos sabem que eu estou bem. Se alguém tem algo a dizer, imagino que seja quem me afastou.

O gerente de futebol, Éder Ferrari, alegou que você não consegue acompanhar o ritmo do treino. Qual sua versão sobre isso?

Isso não é verdade. Eles não querem renovar o meu contrato e eu entendo e respeito, mas acho mais fácil chegar e falar isso para mim, cara a cara, como homem. Sou adulto e sei lidar com isso. Não precisava deixar recado. Era só me dizer isso.

Como o Bahia não quer renovar, te afastar é uma precaução para que você não se machuque?

Me machucar? Não, não acho que eles (a diretoria) tenham medo disso. Acho que o real medo é que eu novamente dê uma resposta positiva. Como alguns torcedores pressionam para que meu contrato seja renovado, talvez exista medo de que eu consiga corresponder, como já corresondi no próprio dia em que voltei a jogar (dia 22 de julho de 2015, contra o Paysandu, em Pituaçu).

Você está acima do peso, cansa ao treinar ou sente dor?

Meu percentual de gordura está igual a todos os anos, que é 10%. Um número baixo e que o próprio fisiologista (Maurício Maltez) me pediu para aumentar um pouco. Acima do peso eu também não estou, porque nunca tive facilidade para engordar. Outra coisa: eu estava treinando normalmente com o grupo. Fiz parte técnica com bola, treino físico e nunca senti nada, nenhuma dor. Então, desculpe, mas não sei te dizer de onde surgiu isso de não conseguir acompanhar o treino, porque eu acompanhei todos desde o dia da reapresentação.

Você criticou o ex-técnico Charles em entrevista ao CORREIO, em dezembro. Acha que aquilo irritou a diretoria e influenciou nesse afastamento?

Acho que sim. Minha impressão é que eles (diretoria) se chatearam pelo que eu disse e, de alguma forma, estão usando essa desculpa para se manifestar. Acho que isso só acaba confundindo ou enganando o torcedor, porque eu sei que não sinto nada e eles sabem que estou bem.


Ficou chateado pela forma como a situação foi conduzida?

Fiquei, porque eu queria estar jogando e queria sair pelas portas da frente, da mesma forma que entrei, em 2002 (aos 14 anos). Eu tenho contrato até dia 28 de fevereiro e vou continuar trabalhando todos os dias, como sempre fiz. Não vou manchar minha história por causa disso.

Você entende que houve erro médico na primeira cirurgia em seu joelho direito. Pensa em processar o Bahia?

Eu não penso nessa possibilidade agora. Quero continuar fazendo o meu trabalho até acabar meu contrato. É o que eu mereço como profissional, honrar meus compromissos, e é o que o torcedor merece que eu faça. Quando acabar meu contrato, se existir algum tipo de problema ou pendência, eu penso. Não quero pensar em nada disso enquanto estiver no clube.

Pensa em deixar a lateral e virar meia, por exigir menos da condição física?

Muita gente fala isso porque não sabe, né? Não sabe como eu me sinto de verdade, acham que eu sinto dor ainda. Eu não ligo, porque não é por mal. O que importa para mim é o que eu sinto de verdade. Algumas pessoas se deixam influenciar por mentiras que são divulgadas e aí eu não posso fazer nada, mas minha posição é que estou bem e continuo lateral. Tenho físico e força para isso.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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