A Indignação com os árbitros de futebol

Uma das essências do futebol são os erros de arbitragem, que nunca sumirão do esporte, pois falhar é inato ao homem. Com o tempo, a maioria dos erros cai no esquecimento, enquanto outros mudam o curso da história do esporte, suscitando debates até hoje, como na eterna polêmica se, no terceiro gol da Inglaterra na Final da Copa de 1966, a bola entrou ou não. Naquela época, os ângulos fornecidos pelas escassas câmeras não eram dos melhores, sequer se permitia que a própria imprensa aferisse com certeza a existência ou do gol, imagine-se, então, a situação do árbitro naquele lance, onde os seus olhos eram o seu único recurso visual, não se pode crucificá-lo pela validação do tento.

No futebol moderno praticado no século 21, as coisas não mudaram muito em relação a final da Copa de 1966. Na verdade, as alterações só foram fora de campo.

Hoje, as equipes de transmissão utilizam as mais avançadas câmeras que flagram todos os lances do jogo, permitindo-se afirmar, nos mínimos detalhes, se o jogador estava impedido ou se a bola realmente entrou, trazendo a tona inúmeros erros de arbitragem e fomentando os incansáveis debates esportivos nas famosas “mesas redondas” após os jogos.

O problema é que estes equipamentos só servem para imprensa. A Federação Internacional de Futebol (FIFA) proíbe que os árbitros usem estes recursos para dirimirem as discussões que surjam em campo. A entidade maior do futebol concorda que o replay acabaria com os lances polêmicos, mas defende o seu não uso pelo fato de que foi a simplicidade que tornou o futebol no esporte mais jogado no mundo. O emprego da tecnologia dividiria o jogo, fazendo que ele fosse praticado de uma maneira nos campeonatos dos países ricos, já que teriam como arcar com os equipamentos, e de outra nos países pobres, que jogariam o futebol arcaico. A FIFA não deseja esta disparidade, seu maior objetivo é a integração entre os povos.

Acontece que, hodiernamente, o futebol envolve muito dinheiro, onde alguns milhões são referentes às apostas que são feitas nos jogos dos campeonatos mais importantes e isso – somado a vedação a tecnologia, à deficiência técnica e a incapacidade visual dos árbitros – acabou virando um “prato cheio” para aqueles que querem obter lucros fáceis nas custas da honestidade dos outros.

Desse modo, a magia daquela frase que diz que o futebol é uma caixinha de surpresa vem, nos últimos anos, perdendo o seu sentido, pois, por diversas vezes, o imprevisto deste esporte vem sendo a sua transformação em um teatro de fantoches controlado por um árbitro que, movido por interesses escusos e sem neutralidade, acaba estragando a beleza de um dos espetáculos que mais fascina as pessoas em todo o mundo.

Como é sabido, em uma partida de futebol, a marcação indevida de um lance, como um pênalti, pode mudar o rumo do jogo, quiçá de um campeonato e, consecutivamente, prejudicar os clubes, jogadores, dirigentes, torcedores e a imprensa esportiva como um todo. A questão é que, em razão das deficiências já citadas, não há como se saber quais as eram as intenções do árbitro no certame.

No Brasil, as arbitragens dos últimos Campeonatos Nacionais de Futebol foram permeadas de dúvidas, principalmente após a descoberta, em 2005, do escândalo da “Máfia do Apito”, quadrilha formada por apostadores e árbitros que fraudavam os resultados para lucrarem em sites ilegais de apostas na internet. 

Wilson Alves 

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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