A Base do Futebol do E.C Bahia e E.C Vitória

Amigos, ainda que o futebol seja um caixinha de surpresas, ainda que paire sobre este nobre esporte, que tanto amamos, tantas nuances e imprevisibilidades, é possível convir que existem algumas certezas e garantias. Caminhos a trilhar que possam ajudar os clubes a construir um diferencial técnico e financeiro na concorrida disputa dentro e fora do campo.

A maioria dos clubes no Brasil, e a nossa dupla BaVi é um grande exemplo, investe e acredita muito no trabalho das divisões de base. Acredita que os atletas formados nas divisões inferiores possam alavancar os cofres e o desempenho técnico dentro do campo. Porém, até que ponto esta estratégia consegue mudar o panorama e o desempenho de nossos clubes nos campeonatos que disputam?

Cada torcedor pode elencar um grande números de excelentes jogadores oriundos das divisões de base da dupla BaVi, mas são muito poucas as situações em que o desempenho do time profissional notou expressiva diferença com o fruto desta garimpagem de talentos.

Claro que podemos arguir que, hoje em dia, os jogadores se transferem tão cedo que mal atuam nos seus clubes de origem. E que, ao final, o grande significado da base se restringe à geração de receita com a venda de jogadores. No Bahia, o grande é último exemplo foi a venda do Jogador Anderson Talisca, que ajudou aos combalidos cofres do clube, mas significou um grande decréscimo técnico na equipe com sua saída.

Este cenário, no entanto, está indubitavelmente relacionado à incapacidade dos clubes em levar a cabo uma estratégia mais ambiciosa no aproveitamento da base. Estratégia esta que, além de gerar receitas, aproveitasse melhor o material humano para reforçar as equipes principais.
Não é incomum ver atletas da base sendo incorporados ao time principal e tendo um desempenho muito aquém do esperado e do já demonstrado. Claro, amigo torcedor, que existem inúmeras razões para isso. Mas, talvez a maior delas seja a ruptura da filosofia de jogo entre os profissionais e a base causada pela grande rotatividade nos treinadores da equipe profissional, da insuficiente preparação dos técnicos da base e da desconexão entre o trabalho de ambas as comissões técnicas.

Por que os técnicos da base não são preparados para assumir a equipe principal?

Normalmente quando eles assumem é porque a equipe está em crise ou para servir de “tampão” enquanto o próximo “professor alienígena” não chega. Isto não significa uma discriminação aos profissionais que vem de fora, mas uma constatação de sua falta de vinculo com o clube e de sua estada, quase sempre, por diminuto intervalo de tempo. Está combinação é incompatível com a real necessidade de se estruturar a equipe, criar um padrão de jogo definido e extrair o melhor potencial técnico dos atletas da base.   

Apresenta-se, desta forma, um cenário onde existe uma grande descontinuidade de trabalho dos treinadores e uma grande rotatividade de jogadores no time principal. Além de desprestigiar o trabalho dos treinadores da base e dificultar a ascensão desses atletas.

Não seria mais óbvio formar os treinadores em casa? Escolher entre os mais competentes profissionais da base e treiná-los, formá-los com a intenção de assumir em definitivo a equipe principal?

Se esta estratégia for bem implementada, pode resolver, de uma só vez, vários problemas. Inicialmente evitaria trazer os caríssimos treinadores de fora que não conhecem a base, o clube, a torcida e são totalmente desvinculados de sua história e tradições. Além disso, o treinador da base, assumindo a equipe principal, pode utilizar a mesma filosofia de jogo, aproveitar os jogadores da base nas suas reais posições, além de permitir uma melhor adaptação dos mesmos.

Como diria o economista: Você não pode colocar todos os ovos na mesma cesta. Neste caso, seria necessário dispor de mais de um treinador da base em condições de assumir a equipe principal. E, deveras importante, seria o fato deste treinador assumir a equipe após o final da temporada. De forma que pudesse ter tempo para realizar o adequado planejamento para o ano seguinte.

O Vitória perdeu a oportunidade de realizar esta experiência com o treinador Amadeu. Competente treinador da base que foi para a seleção brasileira. Por falta, certamente,  de perspectivas concretas no clube. O Bahia tem uma ótima oportunidade com Charles Fabian. Excelente jogador e com grande paixão e afinidade com o clube. Se bem preparado, seria uma ótima opção para comandar o tricolor.

Para os céticos de plantão, que acreditam que as primeiras derrotas da equipe principal jogariam por terra esta experiência. É importante salientar que este seria um processo longo, com ajustes, erros e acertos. Porém, uma tentativa, uma atitude corajosa com o intuito de fugir da mesmice e do empobrecimento técnico do nosso futebol.

Espera-se então que nossos dirigentes deem um passo à frente, sejam ambiciosos e aprofundem a utilização e a conexão da base com o time profissional. Pois, se nada for tentado de novo, os torcedores da  dupla BaVi ficarão para sempre lamentando que os times do sul têm mais dinheiro, permanecendo eternamente à margem da disputa dos grandes campeonatos nacionais e internacionais.

Se a base é a galinha dos ovos de ouro, talvez os próprios clubes devessem aproveitar seus benefícios para construir uma melhor riqueza futebolística.
 Saudações rubro-Negras !     

Filba – torcedor do Vitória e amigo do BLOG

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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