E.C Vitória: O coração rubro-negro vai resistir

É o meu texto de estreia no blog Futebol Bahiano. O tema seria um apelo à cordialidade e mostraria o verdadeiro caráter do torcedor do Vitória, buscando reminiscências na história do mais velho clube de futebol da Bahia.

Como dizemos em jornalismo, a pauta caiu. E o pior é que foi justamente o Vitória quem derrubou essa pauta. Ela caiu fragorosamente, com estardalhaço, até com manifestações desequilibradas de parte da torcida, que não suportou tanto sofrimento.

Desequilibradas, mas não injustas.

O Vitória teve que assistir o rival disputar as finais da Copa do Nordeste. Ficou de fora da sua próxima edição, pelo vexame de sua participação no Campeonato Baiano. Já caíra para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. Nem o remo vingou em 2014.

O mais revoltante é ver atletas com remunerações invejáveis e salários em dia entrarem e saírem do gramado sem que parecessem estar ligados nas partidas, como se apenas cumprissem o compromisso burocrático de aguardar o apito final de cada jogo.

A revolta chegou a tal ponto que o próprio presidente pediu o boné.

A torcida até respiraria aliviada, imaginando melhor sorte em 2015. Mas a verdade salta aos olhos de qualquer frequentador do Barradão ou mesmo dos torcedores que já nem se motivam a aparecer por lá.

Quem deu chabu foi o próprio grupo que se encastelou em sua direção, enraizado em um Conselho Deliberativo imenso, mas que não tem espaço para o homem da arquibancada, aquele que dá vida ao time, dá ânimo aos atletas, está acostumado a encher de orgulho e entusiasmo quem veste a tradicional camisa vermelha e preta.

Que tristeza!

Não fosse a meninada e a imensa e apaixonada torcida rubro-negra chegaria sem um só sorriso à data do aniversário do Leão da Barra. Foram as categorias de base que a consolaram, com o título do Sub 20 e a presença do Sub 17 nas finais da Copa do Brasil.

O torcedor do Vitória (logo ele) começa a viver do passado. Relembra que é o time nordestino com mais participações na Série A do Campeonato Brasileiro, é o que alcançou o maior índice em pontos corridos. Orgulha-se de ter revelado Bebeto, Dida, Vampeta, Júnior, Wallace, Felipe, David Luiz, Vitor Ramos, Gabriel Paulista, Hulk, tantos outros nomes.



E daí?

O 13 de maio é vivido com o drama de que, segundo o Chance de Gol, a hipótese de chegar este ano à Primeira Divisão é estimada em modestos 17,9%, abaixo da metade da expectativa de seu maior rival. Embora pequena, mais a possibilidade de queda para a terrível Série C existe, estimada em torno de 5%. Talvez nem fosse mencionada pelos rubro-negros, mas começa a se tornar algo alarmante quando a estreia veio com uma amarga derrota em pleno Barradão.

A verdade é que só há uma esperança para o Vitória se agarrar. E vem de quem menos ferramentas tem para utilizar.

Se a Diretoria não se entende, se os dirigentes se agarram aos seus mandatos, surdos ao grito de Diretas Já, se o Conselho prefere se estapear em disputas intestinas que abrir espaço à participação da torcida, a verdade é que existem milhões de rubro-negros dispostos a se doarem, a se entregarem pelo time que aprenderam a amar.

Assim como muitos baianos podem ter sido salvos pelo sangue de desconhecidos torcedores do Vitória em 2013, essa gente volta a se mexer em 2015.

Cadê o sangue que os atletas não estão dando no gramado? Cadê a doação desinteressada de dirigentes e conselheiros?

Os torcedores do Vitória em Brasília estão mostrando o que é amor. Estão reunidos hoje em uma ação coletiva para doar o seu sangue. Preparam um compromisso conjunto de doarem os seus órgãos. Quando não mais estiverem gritando apaixonadamente pelos gols e pelas conquistas de seu time querido, querem ver essa torcida se multiplicar, tendo seus corações rubro-negros batendo nos peitos de muitos outros brasileiros.



Fernando Tolentino

Jornalista e membro da Torcida do Vitória Candango

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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