Ceará x Bahia: casal separado pela torcida

Ceará e Bahia jogam nesta quarta-feira na Arena Castelão a partida de maior importância e apelo no primeiro semestre do futebol brasileiro. Dois grandes clubes do nacional disputam o titulo do melhor do nordeste e buscam uma vaga para Copa Sul-Americana ainda este ano. E este jogo com muitas outros de caráter decisivo trás a particularidades de pessoas próximas, nas, no entanto, separados pela preferência entre o clube, é o caso do casal, Patrícia Mendes e Vinicius Maia retratado por Domitila Andrade do jornal o Povo da capital cearense.
Quis o destino que o casamento de Patrícia Mendes, 25, e Vinícius Maia, 30, fosse adiado e a data, sem que os noivos escolhessem, tivesse caído justo entre as finais da Copa do Nordeste. Tantos outros casais enlaçaram-se no último dia 25, sem se preocuparem quando e quem estaria em campo na Fonte Nova, no último dia 22, e no Castelão, hoje, às 22 horas. Mas Patrícia traz da vida toda a torcida fanática pelo Ceará e o baiano Vinícius já perdeu as contas de há quantas gerações da família vem a paixão desenfreada pelo Bahia.

Fazendo as contas, Heyde Maia, sogro de Patrícia, foi quem primeiro se atentou. “Ele ligou e disse: ‘vocês já imaginaram se Ceará e Bahia vão pras finais do Nordestão? Vocês casam dia 25 e separam dia 29’”, relembra Vinícius a brincadeira premonitória do pai, que fez da cerimônia de casamento um mero detalhe no meio da semana cheia de arengas.

Namorados por cerca de um ano e meio e agora casados, as torcidas de Patrícia e Vinícius pelos times de coração sempre estiveram presentes no relacionamento. “O Bahia é tricolor, né? Isso foi um problema pra ele aqui, porque meu pai (Antônio Góis, que foi presidente do Ceará na década de 1990) não aceita que entre nada tricolor em casa”.

Para conquistar o sogro, Vinícius se apegou aos detalhes. “Sempre falo que meu tricolor é o baiano, que as listas da camisa são verticais (e não horizontais como as do Fortaleza), e que eu também não gosto de Leão (mascote do Tricolor do Pici e do Vitória, arquirrival do Bahia)”, enumera o administrador. E alfineta ao não chamar a cadelinha de Patrícia pelo nome. “A Maria Vitória ele só chama de vice”, conta a empresária.

Em meio às provocações, ainda tem o filho do casal. Grávida de cinco meses, Patrícia vê Bento ainda na barriga já ser alvo das disputas. “É roupinha, chupeta, sapato. Tudo que dão ao Bento ou é tricolor ou alvinegro”, comenta, lembrando que, depois do primeiro jogo, seu pai escreveu na porta do quarto “Bento é Vovô”. “Depois do jogo, ele vai poder torcer para os dois”, diz a mãe.

Para Vinícius, Patrícia dá sorte ao tricolor baiano – e é por isso que mesmo recém-casados os dois não vão assistir ao jogo juntos. “Não tem perigo. Se eu der sorte pro Bahia, minha família me mata”, explica Patrícia. “A primeira vez que ela foi a Salvador pra me ver, quando namorávamos à distância, o Bahia foi campeão estadual. Quando ela briga comigo, o time perde”, diz o supersticioso Vinícius. Hoje, ela ainda não decidiu se vai ao Castelão. Ele vai, mas a condição de Patrícia é que fiquem bem longe.

Pelos pés de Magno Alves, Patrícia acredita em um 2 a 1 sem sufoco. Já Vinícius, mesmo com a ameaça de ter de dormir no sofá esta noite, acha que a disputa e a pendenga familiar só termina nos pênaltis, para aumentar ainda mais a emoção.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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