“Ponta de estoque ou cemitério de elefantes”?

Pensava em escolher o “OUTLET”, como culpado dos desacertos dos dirigentes baianos, mas recuei, pois “OUTLET” é muito chique. Na verdade nossos dirigentes só freqüentam Pontas de Estoque do Brás, lá na zona comercial popular de São Paulo, para quem não a conhece. 

Também podemos rotular a Bahia de cemitério de elefantes. Dizem que estes teriam uma espécie de santuário, que se dirigiriam antes de morrer. De acordo com estudiosos, os trombudos ao se envelhecerem têm dificuldade de comer e se deslocam para regiões pantanosas, onde há abundância de água e as folhagens são mais macias. Invariavelmente, eles acabam ficando por lá até a morte.

O jogo do Vitória contra o Flamengo é mais um exemplo, comparando-se com o sucesso, dos clubes de Santa Catarina. Nossos dirigentes têm a mania de montarem por aqui um museu do futebol, ou melhor um museu da pior qualidade. Buscam atletas que no passado fizeram sucesso em algum clube, na esperança do renascimento.

Neste sábado, escutei um comentário do radialista Martinho Lélis que foi feliz ao traduzir o que sempre achei ou seja a mania de nossos dirigentes na busca de atletas do passado, em vez de dar prioridade aos nossos jovens ou importar os jovens de outros Estados ou países. Estes caras que aqui se encontram como os Elefantes no final da vida, buscam a abundância de água e folhas macias, que em Salvador representariam o mar e a nossa comida ou a nossa rede, para curtir e poupar o que lhes restam. Não têm compromisso. Não amam a nossa bandeira, seja tricolor, seja rubro-negra, porque não têm mais ambição na vida.

Mercenários? Acusação dos torcedores, mas os acho até piores, pois os mercenários eram os guerreiros de aluguel e muitos morriam no combate. Os daqui ganham, para praticarem a eutanásia de seu empregador. Mesmo que os rotulemos, como fazem nossos torcedores de atletas mercenários, Maquiavel ao escrever em 1513 “o Príncipe”, dizia que o Príncipe (Estado) deveria procurar constituir tropas próprias e confiáveis, sendo um risco a possibilidade deles (os mercenários) derrubarem o próprio contratante o Príncipe.

Nossos dirigentes ainda não entenderam o recado de Maquiavel, há 500 anos. E a nossa Bahia continua na busca de Pontas de Estoque ou sendo cemitério de elefantes e os nossos torcedores se limitando a serem os bobos da corte, fazendo gracinhas uns contra os outros e a nau afundando.

 ATAHUALPA ( Torcedor e amigo do BLOG)

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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