Futebol Baiano: esses 6 a 0 dizem muita coisa

Os comentaristas de futebol costumam dizer que quando um ou outro jogador está em má fase, não rendendo em campo deve se trabalhar particularmente com cada um deles para que eles readquiram sua confiança e seu futebol. Os mesmos entendedores e estudiosos do futebol costumam afirmar que quando um time inteiro joga mal o problema é do treinador. Argumentos para jogar a culpa pelos últimos vacilos e principalmente o massacre contra o Vitória nas costas do treinador Evandro não faltam, mas seria uma tremenda irresponsabilidade colocar tudo na conta dele.

Colocar o bate-cabeça da zaga conquistense na conta do treinador. Colocar a falta de criatividade do meio campo na conta do treinador. Colocar a superioridade do Vitória na conta dele. Colocar a ausência dos “Rafaels” na conta dele. Colocar a imaturidade do jovem goleiro(terceira opção) na conta dele. E tantas outras mazelas que o time fez, especialmente no massacre de 6 a 0 neste domingo, diante do Vitória. A conta do treinador certamente ficaria cheia de dividas alheias. É óbvio que ele tem a divida dele, inclusive a de hoje, de ter medo de tomar uma goleada e segurou o time e acabou levando a sacolada com o time atrás, o que tornou ainda mais ridículo o baile, era um bate cabeça de lateral com zagueiro, que deu vergonha até de ver o replay.

Mas, não faz sentido algum colocar a culpa pelo vergonhoso massacre na conta do Evandro, o cara chegou afim de trabalhar, fez um bom inicio de campeonato, pegou esse elenco ai com apenas 11 jogadores com condição de serem titulares, 1 terço machucou, ainda ficou sem goleiro e alternativamente, sem pernas pra segundo tempo desde sempre. Tem culpa ele?

Qualquer ser vivente sabe a dificuldade que um time do interior do estado encontra pra montar e manter um elenco, o fato de estar fazendo bonito – até determinada fase, torna o Conquista visivelmente um clube competitivo, mas o Vitória da Conquista e os demais clubes do interior para puder competir com um décimo de qualidade precisa de tudo, dinheiro, atenção e carinho. E, principalmente, o clube precisa de sua torcida. E a torcida precisa de empolgação, ainda que essa empolgação seja adquirida tão somente por uma alegria decorrente de uma vitória sobre um clube da capital, mas para isso o clube do interior precisa de qualidade técnica, e pra isso precisa de elenco, para formar elenco tem que ter grana, e a grande de onde vem?

A torcida sempre cobra, o Vitória da Conquista deve apostar todas as suas fichas nesse Campeonato Baiano e ver se ganha alguma coisa esse ano, mas e se não ganhar? O Clube fecha as portas e declara falência? É complicado, os seis a zero sofrido em Salvador foi vergonhoso para o futebol do interior, mas a vergonha maior é a falta de apoio que esses clube tem.

Faltou suor para o time conquistense, lamentavelmente. Mas antes de faltar o suor, faltou muita coisa ao clube. Essas goleadas deveriam acontecer com mais frequência, essa tarde não é pra se esquecer, é pra ser lembrada, por aqueles que podem fazer mais pelo futebol baiano. Desculpem aí o tom pessimista, mas estou mesmo de saco cheio dessas limitações dos times do interior. 

Danilo Pereira 

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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