Bahia fez negócios milionários com os Guimarães

O Jornal A Tarde, novamente, trás ótima reportagem onde tenta “destrinchar” os relatório divulgado pela empresa encarregada na auditoria tricolor. Agora, segundo o Jornal, a empresa Consultiva Consultoria Projeto Econômico Financeiro LTDA, que aparece como beneficiária de pagamentos feitos pelo Esporte Clube Bahia, é de propriedade da família do ex-presidente Marcelo Guimarães Filho. 

A reportagem apurou na Junta Comercial da Bahia (Juceb), a formação societária da referida empresa, fundada em 2006, e que tem como principal atividade prestar consultoria em gestão. 

No atual quadro de sócios da Consultiva constam os nomes de Marcelo de Oliveira Guimarães (pai do ex-presidente e mandatário do Bahia de 1997 à 2005) e de Marcos Cézar de Medeiros Guimarães (irmão). 

Até 2007, Marcelle Guimarães (irmã mais velha de Marcelo Filho), também fazia parte da sociedade, tendo se afastado naquele ano. Na última quarta-feira, o jornal divulgou com exclusividade a auditoria feita nas contas do Bahia pela empresa Performance. O documento aponta que o endividamento global do clube é de R$ 83,2 milhões – sendo que, do total da dívida, R$ 20 milhões foram adquiridos nos últimos seis meses deste ano. 

No mesmo relatório, em 30 de junho deste ano, foi descoberta uma transferência bancária do Bahia com destinação à Consultiva. O valor total é de R$ 2,3 milhões. 

Ainda segundo a auditagem, a Consultiva obteve este valor herdando parte do saldo devedor de uma outra empresa, a Protector Segurança e Vigilância LTDA, também de propriedade de Marcelo Guimarães (o pai). A Protector, por sua vez, conforme explicitado no relatório, teve o montante gerado depois que emprestou R$ 200 mil ao Bahia no ano 2000. 

Por conta de juros de 2,5% ao mês, em 13 anos, o valor do empréstimo se transformou em R$ 3,2 milhões. 

A Protector, então, em novembro de 2010, cedeu seus diretos de créditos à Consultiva. O documento da auditoria deixa claro, porém, que “não foi disponibilizado contrato referente à obtenção do empréstimo e consequente regulamentação da taxa de juros utilizada para correção do saldo”. 

Em  operação anterior, em janeiro de 2009, a mesma empresa Protector já havia cedido seus créditos com o Bahia no valor de R$ 2,5 milhões para a empresa Pósdata Serviços e Gestão de Saúde LTDA, também de Marcelo Guimarães (pai). 

Tanto a empresa Protector quanto a Pósdata constam no relatório final produzido pelo Ministério Público Federal (MPF) na operação Jaleco Branco, de 2006, da Polícia Federal. A ação resultou na prisão temporária de Marcelo Guimarães (pai) e outros 15 suspeitos de envolvimento por crimes de corrupção e formação de quadrilha. 

Atualmente a denúncia do MPF aguarda julgamento na 2ª Vara Federal da Bahia.

As irmãs 

Além das empresas Consultiva e Protector com relações financeiras com o Bahia, o ex-presidente Marcelo Filho também nomeou duas de suas irmãs para exercer cargos no clube. 

Luciana de Medeiros Guimarães e Renata de Medeiros Guimarães exerciam, respectivamente, as funções de diretora e gerente no departamento jurídico do Bahia. Luciana recebia R$ 15 mil mensais pelo trabalho, enquanto Renata tinha vencimentos em torno de R$ 8 mil. 

A auditoria aponta ainda o nome de Ruy Accioly , recebendo na folha do Bahia como superintendente. Accioly conciliava esta função com o cargo de presidente do Conselho Deliberativo (que tem como função supervisionar os trabalhos da presidência). 

A auditoria também explicita o salário do funcionário Sérgio Beserra (o Kabrocha), que tinha vencimentos de R$ 11 mil no clube. Mesmo com a remuneração, o Bahia pagou o imposto de renda de  2012 de Kabrocha, no valor de R$ 3,6 mil.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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