O Vitória enfrenta hoje seu pior inimigo

O jogo deste domingo no Parque
Sócio Ambiental, Santuário Ecológico Manoel Barradas, o Monumental Barradão,
ficará registrado na história do ludopédio desta província lambuzada de dendê e
oportunismo como um dos mais complicados de todos os tempos. Será uma peleja
extremamente disputada. 

Os incautos podem argumentar, não
sem razão, que o Esporte Clube Vitória já está com as mãos na taça. O problema
é que neste domingo estará em jogo algo muito maior do que a conquista de uma
competição, pois o Leão enfrentará um adversário extremamente difícil. 

Aquela senhora ali no canto da
sala, que finge não estar se importando com nada, deve agora pensar que as
canjebrinas e outras substâncias não recomendadas pela Carta Magna acabaram de
deteriorar a parca catilogência deste locutor. Contudo, minha comadre, em
verdade lhe digo e repito: O Leão hoje vai ter que enfrentar e superar um
adversário extremamente difícil, um dos mais terríveis de toda a sua vida. 

Para encerrar o suspense, informo
logo que o tal inimigo tratado nos parágrafos anteriores não tem nada a ver com
o time da Região Metropolitana de Salvador. Este daí, coitado, perdeu o direito
de ser considerado rival desde que abdicou da HOMBRIDADE e resolveu assassinar
o Clássico com requintes de pusilanimidade, conforme já ensinei em outra homilia. 

Ah, sim, faz-se mister também
esclarecer que o terrível adversário que o Vitória vai enfrentar de hoje em
diante não é esta tenebrosa aliança que uniu empreiteiros, marqueteiros, o TRE,
o pefelê e o petê.  Esta banda (quase
escrevi bando) da sociedade se juntou apenas para iludir Zé ruelas que gostam
de viver incutidos. Afinal, só incutido para acreditar numa campanha pela
democracia feita às pressas, de modo intrafemural (isto é, nas coxas). E mais.
Falam em nome democracia, porém, contraditoriamente,  lançaram o projeto naquele templo que
atualmente, sob o domínio de uma marca de cerveja, simboliza exatamente o
oposto: a elitização e exclusão do futebol. (Quem quiser saber mais sobre o
assunto, leia o texto de Pedro Caribé AQUI, Ó). 

Mas, chega. Com esta inflação
galopante, num é nem recomendável gastar SETE velas com defunto ruim. 

Vamos, portanto, falar de
jangada, que é pau que bóia.

Então, antes que a bola comece a
rolar, pois o tempo urge, ruge e nunca suspende seu voo (Alô, Alphonse de
Lamartine), digo que o desafio do Vitória hoje é enorme. E, durante os 90
minutos, o time não deve nem pode se apequenar um só instante. Tem que partir
pra cima do rival com gosto de querosene. Brocar sem dó, nem piedade e sem
gracinhas será a melhor forma do Vitória se respeitar. 

É isso. O terrível inimigo que o
Leão vai enfrentar hoje é a fraqueza do outro lado. Pois quando não se há
adversário a possibilidade de se perder parâmetro é enorme. E o Leão tem que
começar, hoje, a sair desta armadilha. Tem que praticar o seu futebol sem se
importar com a pequenez do opositor. Por mais contraditório que possa parecer,
os rivais mais fracos são os mais perigosos, pois como não têm nada a perder
querem a todo custo nos levar para seu habitat. E, como já ensinou o sacana
bigodudo: “se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também
olha para dentro de ti”. 

Então, Vitória, tire o tal
regulamento debaixo do sovaco e jogue os 90 e as prorrogações partindo de modo
honrado, se respeitando, já que o oponente atual não se respeita.

Franciel Cruz 

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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