Por que o Campeonato Baiano dá prejuizo?

O Campeonato Baiano produz prejuízos há anos. Prejuízo financeiro e técnico. Uma modalidade de competição ultrapassada e que resiste, para sustentar dezenas de federações e fomentar a rivalidade direta e inconsequente, além de produzir uma falsa sensação que temos times maravilhosos, mas que, no entanto, quando chamado para disputas competitivas contra clubes de fato profissionais, o máximo que fazemos é vergonhosamente lutar contra o rebaixamento.  A Tribuna da Bahia e o professor Marcelo Lopes Monteiro, tentam explicar como o fato acontece, em um texto, ainda que longo bem interessante.

Acompanhe os argumentos, vejam os equívocos da fórmula de disputa desse ano aprovada pelos dirigentes no Conselho Arbitral da Federação Bahiana de Futebol:

Quatro dos nove times participantes (44,4% do total) só tem o direito de participar de oito partidas no campeonato e o pior é que nenhuma dessas oito partidas será contra Vitória ou Bahia, que são os times que levam renda nos jogos em que esses times do interior são mandantes. Isso significa que os quatro times que ficarão alijados da competição só tiveram prejuízo no campeonato baiano desse ano, com públicos fraquíssimos e agora vão ficar praticamente o resto do ano (ainda tem a Taça Governador do Estado) sem qualquer atividade no futebol profissional.

Campeonato Baiano sem Vitória e Bahia não é campeonato Baiano, pois não existe motivação nem da mídia (que só agora depois da eliminação de Bahia e Vitória da Copa do Nordeste é que estão focando mais o Baianão) em transmitir os jogos e nem do público que não vê interesse em ir ao estádio presenciar partidas de nível técnico fraquíssimo (já é fraco com Bahia e Vitória, que dirá sem eles). O resultado disso tudo é a baixíssima média de público desse campeonato até aqui. O resultado é o prejuízo geral para os clubes.

– Os dois Campeonatos: Baiano e do Nordeste deveriam ser realizados concomitantemente (ao mesmo tempo) com jogos no meio de semana para uma competição e nos finais de semana para a outra competição. É assim que ocorre com a Libertadores, que não atrapalha os campeonatos estaduais de São Paulo, do Rio Grande do Sul, do Rio e de Minas Gerais. A Copa do Brasil também não atrapalha os estaduais e nem irá atrapalhar o Brasileirão desse ano. Os times pequenos poderiam jogar mais partidas no Baianão e ter uma renda melhor, pois entraria Bahia e Vitória desde o inicio.

4ª e 8ª rodadas foram as piores

Sem os principais times do estado na disputa, a primeira fase do Campeonato Baiano foi um fiasco de público e renda e deu prejuízo aos clubes. Totalizando todas as oito rodadas do Torneio que já foram disputadas foram 25.511 pagantes. A média é de 797 pessoas por partida.

A cada jogo o torcedor baiano foi decepcionando no quesito presença nos estádios. A 4ª rodada registrou o pior público desde o início da competição. 1809 torcedores compareceram nos estádios. A penúltima rodada realizada no último domingo totalizou 2.173 pagantes, contando todas as partidas. O maior público da rodada foi o triunfo do Vitória da Conquista sobre o Atlético, com 1.119 pessoas.

Em todo o torneio, a derrota do Serrano para o Vitória da Conquista teve o maior número de público. 1991 pagantes compareceram no Lomanto Júnior, em jogo válido pela 6ª rodada do Estadual.

Em valores reais os prejuízos foram altos, alguns clubes pagaram para jogar. As piores rodadas em termos financeiros foram a quarta e a oitava. Ambas obtiveram arrecadação menor do que as despesas com o jogo.

Para se ter uma ideia na 4ª rodada teve três partidas com renda negativa, somente o confronto entre Vitória da Conquista x Juazeiro, em Conquista, que o time mandante conseguiu ter lucro, ainda assim irrisório, uma renda líquida de R$ 903. Ainda nesta rodada, o Botafogo teve saldo negativo no duelo contra o Fluminense em Pituaçu. Foram R$ 1.370 arrecadados e R$ 8.612 de despesas, ou seja, um prejuízo de R$ 7.242 reais para o time de Salvador. A partida entre Juazeirense e Serrano em Juazeiro também não foi lucrativa. Dos R$ 4.340 arrecadados com bilheteria R$ 5.432 foram gastos com as despesas do jogo, o que significa uma renda negativa de R$ -1.092.

Fechando a 4ª rodada, o Jacuipense recebeu o Bahia de Feira em Serrinha. A equipe mandante ficou com um prejuízo de R$ 1.049, foram R$ 3.850 recolhidos e R$ 4.899 gastos. Nos quatro jogos disputados somente 1.809 pessoas pagaram para ver os confrontos.

A oitava e penúltima rodada realizada no último final de semana ocupa o 2° lugar no ranking das piores do Baianão.

Das quatro partidas realizadas, dois clubes tiveram prejuízo. Somando todos os jogos, o total de arrecadação foi R$ 1.460 negativo. No confronto de Serrano X Bahia de Feira, no Lomanto Júnior, apenas 145 pessoas assistiram a partida e o Serrano teve um prejuízo de R$ 3.515, (arrecadou R$ 1.455 e gastou com despesas R$ 4.970).

Em relação aos clubes, o Botafogo (BA) é o último no ranking de público. Somente 884 torcedores compareceram a todos os jogos do Fogão em casa. O pior público registrado foi o triunfo do Botafogo de 3 a 1 diante do Flu de Feira, válido pela 4ª rodada, onde somente 137 pessoas acompanharam a partida.

Fluminense teve prejuízo de R$ 250 mil no Estadual

O Fluminense encerra a sua participação no Campeonato Baiano neste domingo, e independentemente de permanência ou rebaixamento, o clube teve um prejuízo de aproximadamente R$ 250 mil. A informação foi confirmada pelo presidente Rubem Cerqueira, que promete nos próximos dias apresentar um balanço completo das contas da equipe no estadual, reveladas por Dalmo Carrera, no site futebolbahiano.com.

Mesmo buscando fazer economia, sem fazer grandes contratações e buscando manter uma folha de aproximadamente R$ 60 mil mensais, o clube se viu mergulhado em dificuldades por conta dos poucos patrocinadores oficiais oferecidos pela FBF e também a falta de um maior apoio das empresas.

Para complicar ainda mais, o torcedor esteve ausente do Jóia da Princesa: com um ingresso sendo comercializado a R$ 10, o time teve uma média de menos de mil torcedores por jogo, o que gerou prejuízo em todos os jogos.

De acordo com Rubem Cerqueira, foram gastos aproximadamente R$ 300 mil nesta primeira fase e arrecadado aproximadamente R$ 50 mil, o que deixa ainda um prejuízo de R$ 250 mil. “Foi só dificuldades porque o dinheiro foi pouco e nós buscamos nos programar de forma a manter os compromissos em dias, principalmente folha de pagamento, mas a verdade é que a situação é difícil e ainda mais porque somos poucos na diretoria e o Fluminense é grande, com muitas situações que precisam ser administradas: é problema demais e gente de menos”, declara.

Rubem Cerqueira disse que, neste momento, todos os esforços estão concentrados em livrar o time da degola. “Nós temos algo ainda a receber em termos publicitários e estamos no aguardo. Não sabemos ainda quanto vai ser porque a FBF não nos infirmou. Mas agora, até mesmo esta questão vamos esquecer e depois de domingo aí vamos nos concentrar em arrumar as coisas e decidir o que será feito”, afirma o dirigente.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

Deixe seu comentário