E.C Vitória: apatia ou esperança

Confesso que estou completamente
anestesiado, indiferente, sou um ser apático. Não vibro com o gol, não me abalo
com as derrotas. Poderia assistir aos jogos em um fino restaurante ao som de
uma boa música para burguês jantar, que ninguém ousaria dizer que naquela mesa
ao lado se encontra alguém que antes era um insano torcedor. Até a alegria dos
outros resistentes torcedores anda a me incomodar. “Por que eles ainda fazem
isto?”.

Após o jogo contra o CAP resolvi
seguir por este caminho e estou conseguindo com relativo sucesso e muito antes
do que esperava, até porque não imaginava que o time cooperasse com tanto
afinco. Sim, eles – mas não só – estão se empenhando em nos sacanear. Se o
Vitória não subir, não sei qual será a minha reação, nem por qual sentimento
serei tomado. Provavelmente dê dois palavrões, ambos direcionados a Alexi
Portela, e siga meu caminho de volta para casa como um bom cidadão que o
Vitória acaba de me transformar.

Única certeza que tenho é a de
que não sairei radiante do Barradão se a nossa provável ascensão se confirmar.
Talvez até tome uma, igual ao trabalhador que sou e que faz o mesmo nos
primeiros dias do mês, num ato mais simbólico do que qualquer outra coisa, para
logo em seguida recomeçar outra vez. Nada além disto me permito, consigo e
desejo. Nem o hino no rádio, nem abraços de alegria, nem mensagens para
torcedores de outras cores avisando que voltamos. Na verdade, quanto mais
discreto for este momento, melhor. – Continua aqui

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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