E o torcedor do Bahia era feliz; não existiam pontos-corridos no Brasileirão, não existia o Barradão, não existia a menor possibilidade de perdermos a Fonte Nova… O torcedor do Bahia afinal Bi-campeão brasileiro e seu arqui-rival mergulhado em dívidas não chegava aos seus pés das categorias amadoras ao profissional.
O torcedor do Bahia ia para a Fonte Nova com radinho de pilha e de bermuda, sem carro ou andando, a Fonte ficava no centro de Salvador, ademais Salvador não tinha tanta gente e futebol era para pobre. Carro era luxo, muito menos sofria o torcedor do Bahia com o seguro e a faculdade da filha.
Então, um dia veio um demônio que disse:
– A Fonte Nova virará poeira, e o que era lixo virará o estádio do seu arqui-rival, onde vocês viverão momentos de dissabores com a estrutura que o rival construirá.
O demônio saiu de cena.
Depois de anos de humilhações, quedas, rebaixamentos e vendo o rival conquistar na década passada quase todos os títulos baianos, o torcedor do Bahia começa a entender que Deus o havia abandonado, as trevas tinham tomando seu centro de treinamento.
Um dia surgiu então a figura de um político moderno. Ele conquista o atual título baiano, a permanência na série “A”, e parecia que “a coisa ruim” tinha esquecido o futebol baiano. O político todo engomadinho, dando ilusões à sua torcida como se tudo tivesse em ordem no Bahia, dizia que o time era o melhor de todos os tempos, a camisa de uma marca nunca antes imaginada a estampar o Bahia, tudo era do bom e do melhor.
Os vendedores de ilusões diziam que o torcedor tricolor poderia ficar tranquilo, era só comprar o TOBA.
E o pior aconteceu: o torcedor acreditou!
As questões para os tricolores resolverem: um clube sem estádio, sem democracia e questões estruturais pendentes o torcedor esqueceu, e trocou pelo paraíso no céu que o político esperto semeou entre os tricolores.
Hoje, não resta mais nada do Bahia de outrora, sua alegria e simplicidade. Agora, sua torcida perdeu até sua identidade de vencedora para se tornar cativa de um grupo que a usa para fazer a alegria de poucos.