Há muito tempo o futebol deixou de ser lazer e entretenimento, para se transformar em válvula reguladora para qualificar, e até quantificar, o estado de espírito das próximas 24 horas, do antes e depois dos jogos, em grande parte do torcedor, especialmente dos apaixonados que, de vez em quando, são surpreendidos com o infeliz encontro de datas do enterro de um parente próximo e um jogão do Bahia, no Estádio de Pituaçu, e não pensam duas vezes em optar pela tentativa de transferência do cortejo fúnebre para depois do jogo e, na impossibilidade, mandam, já alojados dentro do estádio, uma mensagem de texto via celular, prestando sua enorme solidariedade nesse profundo momento de infortúnio.
E é sob este signo de funeral, que o Bahia enfrentará hoje, às 18h30, o Cruzeiro, em uma partida que poderia ter todos os atrativos de um grande clássico do futebol e, como antes, festejado pela torcida tricolor, com sua presença maciça incentivando e empurrando o tricolor de aço para uma nova vitória.
Mas não é, ou será; o jogo, infelizmente, depois do que foi visto (ou não visto) na última quarta-feira, contra o Portuguesa, deixa o jogo desta noite com cara de tédio, repleto de apreensões, preocupações e de um medo que já transformou em quase sem força, a reiterada esperança de tentativa de recuperação do Esporte Clube Bahia, que já dura há dois meses de empates e derrotas, dentro e fora de casa, acredito até, que hoje à noite, refletindo a essa péssima campanha, as bilheterias do Estádio Roberto deverão registrar um dos menores públicos envolvendo o Bahia, após o retorno para a primeira divisão.
No entanto, vale ressaltar, que mesmo com caixão encomendado, a cova ainda não foi aberta ou qualquer vela foi acesa, bem como, viúvas alegres não foram vistas no pagode próximo ao Campo Santo, logo, ainda é tempo de levantar a tampa, olhar para um lado e para o outro e sair correndo, tentando mostrar que ainda vive e suspira, em um aviso claro, aos tricolores céticos e os rubro-negros agoirentos, que devem mandar recolher o guarda roupa e o termo da missa de sétimo dia.
O técnico Caio Júnior não poderá contar, novamente, com Kléberson, Souza e Àvine, este último eternamente bombardeado. Em compensação, Mancini cumpriu suspensão automática e volta a ficar à disposição, enquanto Gabriel reaparece no time e Rafael ganha finalmente uma chance no time titular.