Arena Fonte Nova: Torcida de luxo

A substituição do grande estádio e do grande público, pela Arena moderna e para público reduzido, volta a ser motivo de matéria na imprensa esportiva. Desta vez, assinada por Adalton dos Anjos, no sempre ótimo Jornal Metro1, desta sexta-feira.

A argumentação para afastar o público dos estádios, é o conforto e segurança. Papo furado, está claro, que a intenção é beneficiar os donos do futebol (A TV). Arena pequena é sinônimo de sofá lotado e lucro farto.


Um exemplo indiscutível disso, é a intenção do diretor de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Virgílio Elísio, que já admitiu a possibilidade de realizar a final da Copa do Brasil em jogo único com estádio neutro a partir de 2014. Ou seja, em uma hipótese imaginaria: Final da Copa do Brasil entre Bahia x Vitória com o jogo sendo realizado lá no Rio de Janeiro, quem ganha com isto? E afinal, em dezembro, o Estádio Mangueira Otavio Mangueira ficará pronto, e o Esporte Clube Vitória continuará caminhando na contra mão? Confira.

A CHEGADA das grandes arenas para a Copa do Mundo de 2014 consolidará uma nova forma de acompanhamento de uma partida de futebol. Público como o dos jogos entre Bahia e Fluminense, em 1989, ou o do Ba-Vi na final do Baianão de 1994, que reuniram cerca de 100 mil torcedores na Fonte Nova, entrou para a história. A preocupação hoje é com o conforto, segurança e consumo do torcedor, que já começou a sentir no bolso o preço das mudanças.

A tendência é que, como na Europa, as grandes massas de torcedores vejam o espetáculo do futebol longe dos estádios. “A gente verifica uma redução da presença de público nos estádios. Isso é conseqüência das TVs. Todos os jogos da série A e B e campeonatos regionais são transmitidos pela TV”, aponta o vice-presidente do Vitória, Carlos Falcão.

Com menos espaço e o oferecimento de serviços melhores nos estádios, o valor dos ingressos sofre impacto direto. Somente nos últimos cinco anos, o valor dos bilhetes para assistir à dupla Ba-Vi no Baianão aumentou 200%. Mais futebol?

‘Não perdemos receita’

“Acho que eles deviam fazer setores mais caros e mais baratos para continuar mantendo o público dos bairros que não tem condições de pagar o valor cobrado em São Paulo”, afirma o torcedor tricolor Hernan Julho Muñoz. Ele também reclama da ação dos cambistas, em jogos importantes do clube, que atrapalha a vida do torcedor.

Para não deixarem de acompanhar seus times nos estádios, outros torcedores buscam soluções por descontos. “Vou para todos os jogos e por isso sou sócio do Vitória há uns oito anos”, explica Daniel. Este ano, ele pagou R$ 360 para ver todos os jogos do time no Barradão. O valor é quase metade do que ele pagaria, caso não fosse sócio.

“Entendemos que o segredo para você atrair o público é o Match Day. O dia do jogo. O torcedor não vai só assistir à partida. Ele vai mais cedo, vai a um restaurante ou centro de compras”, afirma Carlos Falcão. O modelo seria parecido com o que grandes clubes, como o Barcelona e Real Madrid, fazem para ampliar a presença e o consumo dos torcedores nos estádios, com os seus museus e lojas. “Não sei se isso vai funcionar aqui. Acho que o pessoal vai mais para ver o jogo em si”, crê o torcedor rubro-negro Daniel Meira.

O projeto da Arena Fonte Nova, que deve ficar pronta em dezembro de 2013, prevê espaços como quiosques, museu do esporte e da música e lojas de entretenimento. Com o padrão internacional, o torcedor também deverá começar a pagar pela manutenção do equipamento, algo em torno de R$ 10 milhões, desde a entrada na praça esportiva. Ainda não se sabe qual será o valor dos ingressos para as partidas na arena. Para o vice-presidente do Vitória, apesar do menor público, não há impactos nas finanças do clube por conta da menor presença de torcedores. “Isso não representa perda de receita direta, porque recebemos das TVs”, explica.

O dirigente também revela que o Vitória já tenta tornar o Estádio Manoel Barradas um local onde o torcedor possa realizar outras atividades inerentes ao time, com a loja própria e o memorial. “É um primeiro passo, mas ainda estamos distante aquilo que achamos necessário para transformar o nosso estádio em arena”, acredita.

O Jornal da Metrópole tentou o contato com dirigentes do Bahia, mas até o fechamento da edição não obteve resposta.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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