Um bom mágico tem um Coelho na cartola

A lateral direita do Bahia sempre teve jogadores de ótima qualidade. Sem ir muito longe, vimos jogar bem nesta posição Tarantini, Mailson, Fábio Baiano (que depois voltou como meia do Fla) e o inigualável Daniel Alves. 

A despeito dessa história, nos últimos anos, o Bahia tem tido uma dificuldade considerável para compor bem esta posição. É bem verdade que atualmente temos a revelação da base, Mádson, que frequentemente vem sendo convocado para as Seleções de Base, mas que ainda não consiguiu ser encaixado com acerto no elenco profissional.

Na série B de 2010 o Bahia teve Jancarlos, que se destacou mas acabou se machucando no joelho e depois não conseguiu voltar ao grande futebol em 2011 pelo Bahia. Ainda em 2011 tivemos Marcos, que com seus altos e baixos, conseguia ir do céu ao inferno com a torcida e toda a crítica.

No intuito de remediar este problema, o Bahia contratou dois laterais direitos para a temporada 2012. Ambos, por um motivo ou por outro, contestados. Coelho por ser considerado “refugo” e Boiadeiro, por ser refugo também, só que de time rebaixado. De qualquer forma, Coelho e Boiadeiro vieram ao Fazendão com a missão de honrar a tradição do Bahia de ter em seu elenco laterais de qualidade.

Logo na curta pré-temporada, Joel Santana já simpatizou com o futebol de Coelho, mas este, por ainda não estar regularizado, o técnico teve que escalar em seu lugar Boiadeiro. Este merece um capítulo à parte. Aliás, todo início de temporada tem aquele jogador que consegue angariar a antipatia da torcida fácil. Ano passado foi o goleiro Tiago, este ano é Boiadeiro. Com a exceção de um passe em profundidade, o “cidadão” não consiguiu acertar nada e ainda construiu uma verdadeira “avenida”. Uma Avenida Paralela, só que de mão única,  por onde passearam, de trânsito livre, jogadores do Atlético-BA e Bahia de Feira.

Mas o Bahia ainda tinha um Coelho na cartola. Um jogador que, em dois jogos, serviria dois colegas com duas assistências perfeitas. E hoje à noite, a jogada do primeiro gol foi fantástica. Primeiro pela velocidade em que ele imprimiu para partir ao encontro do lançamento milimétrico de Fabinho. Segundo, pelo “corte” no marcador do Feirense e, terceiro, pelo passe com açúcar, como que fosse com as mãos, para a cabeçada de peixinho de Souza. Ademais, o jogador tá virando o “cobra-tudo” do time pelo fato de pegar bem na bola, e desta forma também conseguiu criar algumas situações interessantes dentro do jogo.

É claro que ainda não temos um Daniel Alves no elenco. Mas pra quem penou temporadas com jogadores improvisados na posição, vide Marcone, Fábio Bahia, Ananias e Gabriel, jogou a série A à mercê do transtorno bipolar de Marcos e ainda teve que engolir Boiadeiro, com boi e tudo, nas primeiras partidas desse ano, nosso Coelho da Páscoa tá de bom tamanho!

Bem, creio que ainda veremos muitas outras “mágicas” do Bahia este ano. Mas não podemos fechar os olhos para uma realidade: o Bahia precisa de uma “sombra” para o Coelho para que quando ele não possa sair da cartola, tenhamos pelo menos uma “lebre” saindo lá de dentro.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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