Em 1948 ele estava lá, de sandália nos pés no canteiro de obras da primeira versão do estádio. Em 2010, acompanhou com tristeza a demolição. E hoje, aos 77 anos, volta a emprestar a força de trabalho para erguer a arena de Salvador, que receberá seis jogos da Copa de 2014
Brasilino dos Santos,76 anos, é daqueles que leva o país no nome e, sobretudo, no coração. No sotaque e no sorriso, a simpatia baiana. Seu Brasilino, como é respeitosamente chamado pelos colegas, é o queridinho do canteiro de obras da futura Arena Fonte Nova, em Salvador. E não é para menos: ele participou da primeira construção do estádio, ainda adolescente.
Um tempo, recorda o operário, de improviso. O trabalho no fim da década de 1940 dispensava equipamentos de segurança e calçados apropriados eram um luxo. “Hoje a tecnologia é muito boa. O operário tem bota, capacete, luva, protetor de ouvido, máscara. Naquele tempo não havia nada. A gente trabalhava com a sandália que tinha nos pés”, recorda.
Ainda assim, ele não se esquece da emoção da primeira inauguração, em 1951. “Para mim foi uma grande alegria. Uma surpresa e um orgulho olhar para tudo pronto”, afirma.
Ao longo do tempo, colecionou boas histórias dos Bahia x Vitória disputados na arena e sofreu, num primeiro instante, com a demolição do estádio, em 2010. “Eles fecham uma navalha e num segundo derrubam tudo”. Mas, assim que ficou sabendo pelo rádio que estavam contratando pedreiros e serventes para erguer a nova Arena Fonte Nova, não perdeu tempo e se apresentou. “Fiz uns 22 exames e aqui estou. Minha função é tampar os buraquinhos da laje”, afirmou.
Orgulhoso do trabalho, promete estar presente à inauguração da arena que receberá seis jogos da Copa do Mundo da FIFA 2014 e tem chances de ser incluída entre as sedes da Copa das Confederações, em 2013. “Na inauguração serei o primeiro a chegar. Estou seguro de que estarei aqui para admirar o passado com o presente. O que já foi com o que está. Tenho que vir apertar a mão de todo mundo e abraçar a todos os que estão participando, comigo, dessa obra”, diz.
Ficha Técnica
Imagens: Sérgio Bites
Entrevista: Carol Delmazo
Ediçao: Pedro Mafra