Reunião e protesto hoje no Vitória

Nesta segunda-feira a diretoria do Vitória faz um balanço financeiro de 2011 e planeja a temporada de 2012. É que se espera que seja apresentado pelos dirigentes do clube na reunião com os membros do Conselho Deliberativo, que está marcada para hoje, na Toca do Leão. Já do lado de fora, o movimento Somos Mais Vitória, (veja aqui) promete realizar protestos contra a atual gestão do presidente Alexi Portela. A Tribuna da Bahia, já se antecipou e ainda que forma branda, faz seus reclames no primeiro parágrafo de uma matéria longa, tratando dos assuntos do Vitória, publicado na edição desta segunda-feira

Mesmo na Série C do Campeonato Brasileiro, em 2005, Alexi Portela Júnior e seu grupo encontrou um Vitória estruturado em todos os setores, com pessoal qualificado além de atletas de alto rendimento que aos poucos foram vendidos – Hulk, Obina, Wallace, Anderson Martins, entre outros – e que impulsionaram o clube até a Série B e posteriormente para a Série A.

Foi o suficiente para consagrar a administração do presidente, que, no entanto não conseguiu manter o equilíbrio administrativo, financeiro e profissional (futebol) ao longo dos últimos anos, que custaram à perda de dois títulos Estaduais dentro de casa, para Colo-Colo de Ilhéus, em 2006 e Bahia de Feira, em 2011, e a volta do clube à Série B do Brasileiro, em 2010, e a humilhação deste ano com a perda da vaga para a Série A, tudo isso dentro de casa, em pleno Estádio Manoel Barradas, com times apáticos, sem força, raça e determinação.

Hoje à noite o Conselho Deliberativo tem reunião convocada para discussão da seguinte pauta: a) Apresentação do orçamento para o exercício de 2012; b) Apreciação e votação do parecer do Conselho Fiscal referente às contas do exercício 2010; c) Apresentação do Planejamento para o futebol profissional 2012; e d) O que ocorrer. Desta vez, com oposição franca à sua administração, que com certeza vai se manifestar, o presidente terá que explicar aos conselheiros muito do que não foi dito até agora.

Depois de um longo tempo em silêncio, o presidente Alexi Portela Júnior voltou do período de licença, e encerrou as especulações sobre uma possível renúncia do cargo nesta reunião de hoje à noite no Complexo da Toca do Leão. O dirigente disse que não irá sair pelas portas do fundo, e vai devolver o clube à 1ª Divisão do futebol brasileiro. Só que desta vez os ânimos são bem diferentes, e com denúncias que chegaram à redação da Tribuna da Bahia pode desabar a imagem do equilíbrio administrativo-financeiro nas últimas gestões de Alexi na presidência do Vitória.

Sob sua administração, o Vitória negociou jogadores em torno de R$ 30 milhões, R$ 5 milhões só de Obina, além de R$ 8 milhões da sede de Praia, paralelos a prejuízos irreparáveis causados com as perdas dos direitos federativos de Leandro Domingues, hoje no Japão, e o goleiro Felipe, no Flamengo do Rio.

Quando assumiu, a atual administração do Vitória trabalhou com um passivo em torno de R$ 7 milhões, além dos impostos, que foram para o programa do TIMEMANIA, atendendo a todos os clubes do país. Hoje, especula-se que só uma das ações contra o Vitória, gira em torno de R$ 8 milhões, movida pela Teo Sports, que detinha parte dos direitos federativos de Obina, que não recebeu sua parte quando da venda do jogador.

Dinheiro circulante é que não falta no clube

A gigantesca elevação das receitas por conta do aumento gigantesco das cotas pagas pela televisão, somadas aos recursos do programa Sou Mais Vitória, e o expressivo aumento do preço dos ingressos, (absorvido pelo público que pagava anteriormente R$10,00 e R$ 5,00 e passou a pagar R$ 40,00 e R$ 20,00), aliados a mudança do cenário macro-econômico do país determinaram um novo patamar para o caixa do Vitória e dos grandes clubes do futebol brasileiro. Em 2010 os números passaram dos R$ 40 milhões e este ano, só de televisão, considerando o bônus recebido e antecipação do próximo período o clube arrecadou cerca de R$ 35 milhões.

Porém, o contencioso trabalhista de 2006 até agora é gigantesco, as certidões do Tribunal Regional do Trabalho – 5ª Região, datadas do dia 5 de dezembro de 2011, que chegaram à Editoria de Esportes da Tribuna da Bahia, atestam que estão em curso 30 (trinta) ações movidas por atletas ou trabalhadores das diversas áreas contra o Esporte Clube Vitória e 49 (quarenta e nove) contra Vitória S/A. colocando em xeque a avaliação administrativo-financeira da gestão de Alexi Portela e Carlos Falcão.

A verdade é que o Vitória não fala sobre o assunto, e a situação das dívidas é desconhecida, já que em seis anos não se tem conhecimento da publicação dos demonstrativos contábeis (Balanços e DRE’s) numa desobediência ao que determina o Estatuto no seu Capítulo IV, Artigo 74. O Vitória S/A não está extinto, ele ainda existe, e sequer se fala dos demonstrativos contábeis, com previsão de um déficit estrondoso e, por isso não se fala neles, estão “escondidos”.

Como o Vitória S/A é uma companhia ainda ativa, Alexi tem que também respeitar o seu Estatuto, e publicar os demonstrativos contábeis em jornal de grande circulação e no Diário Oficial do Estado, esquecendo que o Esporte clube Vitória é o sucessor das suas demandas, dividas e responsabilidades fiscais.

Em 2010, o faturamento do clube foi de R$ 42 milhões em 2011 provavelmente chegou perto de R$ 50 milhões, ninguém consegue saber com precisão porque os DRE’s nunca são divulgados como deveriam e em 2012 a receita esperada é em torno R$ 60 milhões. É importante saber também quanto foi gasto desde 2006 até o final deste ano. Sem os DRE’s fica impossível saber. Mas com certeza uma fortuna.

Um erro atrás do outro no futebol

A Divisão de Base do rubro-negro baiano, em seis anos, não revelou um atleta de alto rendimento sequer, se fosse necessário obter alguma receita oriunda deste trabalho o resultado seria zero. A

equipe de futebol profissional em seis anos contratou mais de duzentos atletas com um índice de acertos inferior a 10%. Em 2011 este índice ficou bem próximo de zero, contratações de atletas caríssimos como Cleber Pereira que em 2010 custou R$ 720 mil para jogar 45 minutos em uma partida e 15 minutos em outra e Tiago Humberto que custou R$ 830 mil e ninguém se lembra.

Com tantos erros grosseiros no futebol, a “Política de pés no chão” se transforma num grande engodo. O Vitória tem pago caríssimo a atletas de péssima qualidade, deixando de lado o zelo com o dinheiro do clube. Para 2012 a herança é Xuxa, Leo Fortunato, Geraldo, Lucio Flávio com contratos milionários e que se forem rescindidos custarão aos cofres do clube cerca de R$ 4 milhões, ou deixam que cheguem à justiça, se somando a quase uma centena de processos que abarrotam as diversas juntas trabalhistas.

A percepção da administração de uma instituição de futebol tendo como parâmetro o desempenho do time de futebol no curto prazo é equivocada. O modelo adotado e praticado atualmente no Vitória é velho, defasado e perdedor. Esta história de quem o dirigente trabalha de graça e dará as suas tardes não cola mais. Futebol exige dedicação total e exclusiva. Os resultados a longo prazo, já se passaram seis anos, são péssimos, o Vitória continua regredindo. Retrocedeu.

Certidões confirmam uma centena de ações

Na semana passada o presidente do Vitória, Alexi Portela Júnior foi entrevistado por Matheus Carvalho, no programa Globoesporte, da Rede Bahia, inclusive respondendo perguntas dos torcedores, sobre o futuro do time. Alexi fez uma avaliação da gestão, reconheceu erros, e ressaltou que “O Vitória é um clube equilibrado, que não deve nada a ninguém a curto prazo, a gente tem dívidas que assumiu, o Vitória é um clube administrável”.

Isso provocou a reação de alguns torcedores do Vitória ligados à Justiça Trabalhista, e que têm acesso às dívidas do clube, fazendo um levantamento dos protestos contra o Vitória, são mais de 140, enviados à Editoria de Esportes, contestando a posição do dirigente, “que se agarram em uma mentira administrativo-financeira para justificar os graves erros do Departamento de Futebol com os fracassos no futebol, para se manter na administração do clube”, disse um torcedor que é ex-conselheiro, e pediu para não ser identificado.

O envelope que chegou à Tribuna da Bahia traz Certidões Positivas de ações contra o Vitória do Tribunal Regional do Trabalho – 5ª Região, Justiça Federal de 1ª Instância, 18ª, 19ª e 20ª Vara, com 24 ações, sendo quatro anteriores a 2005, à eleição e posse de Alexi Portela; Certidão Positiva dos Tabelionatos de Protestos do 1º ao 4º Ofício, nos últimos cinco anos, contra o Vitória S/A, num total de 38 ações, algumas irrisórias, de R$ 320,00, outras mais altas, de R$ 8, R$ 10 e R$ 12 mil.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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