Bahia e Vitória venceram, mas continuam na UTI

Reinaldo ECBAHIA A semana que passou foi um entra e sai da UTI que valha-me Deus! Quando terminou o jogo de domingo Renê disse que queria mais. E olha que muita gente boa foi na conversa. Só se for mais do mesmo porque logo depois o time baixou no hospital pra fazer companhia ao Vitória que já estava lá há duas semanas.


Foi um vexame a apresentação do esquadrão em São Paulo na goleada do tricolor paulista. Alguns erros de Renê colaboraram com o resultado. Não entendi a retirada de Ricardinho e Marconi. O primeiro jogou bem na partida anterior e poderia dar estabilidade emocional ao time que tremeu no Morumbi. E o segundo poderia se sair melhor na marcação de Dagoberto que fez o que quis. Renê abusou fazendo com que Lulinha atuasse como uma espécie de quarto volante e prendendo os alas. E olhem que o Sampa jogou sem zagueiros!

Mas desta vez não dá pra jogar a culpa toda nas costas do técnico. A equipe esteve abaixo da crítica. Um jornal daqui da Bahia havia feito uma matéria na semana anterior cantando as virtudes de Paulo Miranda e Titi. Acho que subiu-lhes á cabeça pois deram um verdadeiro “apagão” e o ex-xerife fez sua pior partida no tricolor.

Com a bola não chegando ao ataque Jobson apelou para o individualismo de sempre e deixou Reinaldo apagado. Ávine não esteve bem e Marcelo Lomba ficou com dor na coluna de tanto buscar a bola no fundo das redes. É certo que o juiz usou dois pesos e duas medidas (ao não dar o pênalti do zagueiro do Sampa) mas sem essa de usar isso pra justificar a derrota pois do jeito que o tricolor jogou não ganharia de ninguém.

Mas no fim de semana não teve quem segurasse a turma no hospital. O rubro negro teve alta e até apareceu no carnaval carioca fazendo com que o samba estivesse mais pra Portela do que pro Salgueiro. Quem costuma julgar pela aparência não vai valorizar o resultado. Afinal de contas o jogo foi feio, com poucas jogadas de qualidade e com apenas 45 minutos de futebol.

Mas, depois de decorridos mais de um terço do campeonato, até que enfim o Vitória entrou no clima da Segundona. Dá gosto ouvir Benazzi falar que só vai usar o esquema de três zagueiros “em último caso”. E que me dizem da atuação de Zé Luiz e Fortunato, que, mesmo com um invejável currículo na divisão de elite, saírem de campo esfolados de tanto dar bicos e chutões pro mato contando com a boa ajuda de Gabriel?

O clube agiu certo ao trazer Marquinhos, Fernando e Benazzi. O primeiro decidiu lá na frente, o segundo segurou tudo lá atrás, e o último é assunto à parte. Se Neymar tivesse dado o “banho de cuia” que resultou no segundo gol e Júlio Cesar fizesse aquela defesa de mão trocada a Rede Globo passaria a semana toda falando do assunto. Mas sabem como é né, é Segundona! Aliás o Sport TV teve o maior ato falho na noite de domingo. É que o jornalista, logo após transmitir os comentários finais de Pituaçu, disse “agora vamos voltar para os nossos assuntos!”. Ficou bem claro que os “assuntos” deles são o Botafogo, o Vasco, o São Paulo, e a galera do Sul maravilha.

Romário, Fernandinho, Uéliton e Neto estiveram discretos, e Mauricio está se esforçando pra entrar no clima. Quanto a Lúcio Flávio está difícil de pegar no tombo. Mas os principais créditos desta vitória são de Benazzi. Ele mostrou o tempo que o leão perdeu sem um especialista em Segundona. Em três dias entendeu o que Geninho e Ricardo Silva não viram. Que não dá pra escalar todo o pessoal de mais de trinta no mesmo time. Que Giovanni só pode jogar no ataque quando muito no campeonato baiano, mas na Segundona é preciso um meia rápido e com bom domínio de bola. A escalação de três zagueiros no campo da várzea de Paulista foi o saque final do treinador dificultando os pernambucanos a entrar na área do leão.

O tricolor fez o seu dever de casa e também abandonou o hospital. Mas a vitória contra os goianos foi à duras penas. Tal como fez com o figueira Renê armou um time pra frente embora só esquentasse mesmo as coisas quando viu a vaca ir pro brejo no segundo tempo. As mudanças do dragão, como Juninho e Marcão, incomodaram bastante e o time foi salvo por um escanteio. Mais uma vez tomou sufoco no final. Se for assim todo dia é bom contratar mais lugares nas UTIs pra caber os torcedores tricolores.

Não sei por que não tentar encostar mais Reinaldo e Jobson e usar os alas desde o início. Mas aí tem que despachar Marcos! No primeiro tempo o time esteve muito lento e tenho duvidas se Fabinho deve jogar junto com Ricardinho. Acho que Renê poderia começar marcando a saída de bola e entrar com Jones ao invés de Lulinha.

Mas valeu pelo alívio voltando para o lugar que estava na semana passada, a última vaga da Copa América. Mas é preciso fazer correções pois vem aí o Inter e há que antecipar-se na defesa e fazer o meio correr. Só assim é que o tricolor poderá utilizar a seu favor a sequencia de jogos em Pituaçu.

Tudo correu bem para o Vitória bastando uma vitória pra ficar no meio da tabela e a quatro pontos da quarta vaga. Mas os resultados continuam mostrando que acima da canela da Segundona todo mundo é japonês. O leão precisa continuar a reação em cima dos americanos de Obama. Com esse não será possível jogar com três zagueiros e o rubro negro terá que ter mais criatividade no meio. Será que vão deixar Marquinhos deitar e rolar? Ganhar é indispensável pois o time logo após sairá em difícil excursão.

O que a torcida espera é que Portela continue a reestruturação profissionalizando o departamento de futebol e mandando de volta Beto Silveira pros anos 80. Sem o “pesquisador” IAMORTO Nilton Drummond só terá uma bala pra acertar em uma nova dupla de zaga, um ala direito, além de um meia de ligação e um “matador” de qualidade.

Franklin Oliveira Jr. é desportista, escritor, prof4ssor universitário e criador do blog memoriasdafontenova.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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