E.C Vitória: Esqueçam a grama do vizinho

Ainda não sabemos ao certo o destino do Vitória em 2011. A luta para a permanência na Série A promete durar até a última rodada, deixando em aberto o planejamento para a próxima temporada. Sim, nosso futuro está condicionado à divisão que jogaremos no ano que vem. Que seja mantido o nosso lugar de direito: a elite. Mas uma coisa é certa, independente de tudo, devemos focar em nosso próprio rumo, esquecendo a casa do vizinho, que acaba de tirar o pé do lamaçal.

É uma tendência humana achar a grama da vizinhança mais verdejante que a nossa – e no caso do assunto grama, nossos tetravices itinguenses sabem aproveitar e saborear. Quando passamos por algum tipo de dificuldade, costumamos achar que os problemas ficam concentrados apenas em nós mesmos, como uma nuvem carregada que teima em desabar temporais, e que os demais levam uma vida tranqüila, sem adversidades.

O sufoco experimentado pelo Vitória nesse segundo semestre, em oposição ao bom momento vivido pelo maior rival no campeonato de acesso à Série A, turva a visão de muitos rubro-negros. Parece que tudo na Toca é ruim, enquanto a engrenagem no lado colorido funciona às mil maravilhas. Sabemos que não é bem assim.

Papagaios pendurados

Para conseguir o acesso, o time recém-primeira divisão endividou-se até onde não mais podia. Em 2010, era tudo ou nada para eles, que subiram no campo após 13 anos (a virada de mesa do ano 2000 não conta como acesso)! Devendo dois meses de salários a jogadores (os funcionários sofrem um calote maior), os jogadores contaram com promessas e vales da direção colorida para tocar o barco. O dinheiro que entrará em 2011 será usado em grande parte para pagar os papagaios pendurados. Então, não me venha com essa de planejamento 100% eficiente! O diferencial ressalte-se, foi a contratação de um diretor de futebol que entende do assunto. Algo que nos falta.

Assim como o rival, temos nossos erros e acertos. O grande problema do Leão em 2010 foi ter errado demais. Que não nos custe mais caro ainda a série de equívocos: planejamento do futebol, contratações de jogadores e técnicos, política interna, marketing, relacionamento da direção com jogadores, falhas na gestão do SMV… Muita coisa para um clube da dimensão do Vitória. Inadmissível persistir nesses escorregões em 2011.

Com o futebol cada vez mais profissionalizado, não podemos seguir tão amadores. Estamos brigando contra cobras maquiavélicas, cada uma puxando a presa para o seu ninho. Todo bonzinho acaba virando coitadinho adiante. Então, que a direção do Vitória acorde, reconheça a falta de tato para lidar nesse mundo e convoque quem entende do riscado.

Somos Mais Vitória

Encerrando esse texto, parabenizo os rubro-negros do movimento Somos Mais Vitória. O objetivo final não foi alcançado, mas lançaram-se as sementes por um Vitória mais profissional e afinado com os anseios dessa torcida apaixonada e tão maltratada. Não precisamos de abnegados, que ameaçam qualquer tentativa de renovação da vida diretiva do clube com questionamentos sobre quem vai assinar avais bancários (outra prova de incompetência administrativa). Queremos dirigentes que entendam que o futebol é gestão bem cuidada, sim, mas paixão acima de tudo.

José Raimundo Silveira
Militar, jornalista e rubro-negro desde os tempos de Ricky.
E-mail: tencerqueira@gmail.com

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

Deixe seu comentário