E.C Bahia: Um time de duas caras

É chavão falar que o Bahia não ganha em Pituaçu por causa da pressão da torcida. Vardade fosse, não teria vencido Sport e Ipitanga, jogos com 1º e 10º maiores públicos da Série B.

Há outros clichés para este time derrubar, como pedir desculpa a cada tropeço. Se há garra e compromisso, a torcida entende. Do contrário, as palavras não adiantam muito. Ao torcedor, importam mais as atitudes e os resultados.

Os anos de mediocridade desde 1997, exceto pelas temporadas de 2000/01 e pelo título do Nordestão de 2002, mexeram com o torcedor. Os sonhos de ser campeão e voltar a ser presença constante na elite se transformaram em ritual de fé. Existem os que simplesmente não crêem. E há os que acreditam, ainda que os indícios nem sempre apontem para a existência.

No Bahia como clube, sobram motivos para ser um ateu. A diretoria raramente se recicla e a oposição geralmente é burra. Ambos têm em comum tremenda dificuldade de planejar e realizar.

Neste Bahia como time, contudo, é preciso ter mais crédito – ou fé -, ainda que aquilo que os olhos vêem das arquibancadas ou das cadeiras de Pituaçu nem sempre alimente o espírito.

Pois é impossível duvidar de quem mais venceu fora de casa nesta Série B: sete jogos. E que está a mais três de se isolar como o visitante com mais vitórias na era dos pontos corridos. Por outro lado, também é impossível ter fé cega em quem tem a 10ª campanha como mandante.

No 2×4 contra o Icasa, Márcio Araújo tentou evitar o erro do 1×1 com o Vila Nova, na semana anterior. Com Vander e Morais no meio, tirou os três volantes. Falhou ao empurrar o melhor deles, Fábio Bahia, para a lateral. Problema mais grave, porém, é fazer o time cuidar melhor da bola, trocando passos, como pedem os bons professores de escolinha. Aí aparecem os problemas. Em Pituaçu, o Bahia tem obrigação de controlar o jogo, pressionar o adversário e fazer o resultado. Faltam, porém, atletas para o time jogar assim. Apenas Morais, Vander, Rogerinho e Ananias têm esta virtude – e não dá para escalar todos. Jael é eficiente na finalização, Jancarlos auxilia na bola parada e Ávine só joga bem na vertical. Fora de casa, quando a proposta de jogo costuma ser atuar atrás à espera do espaço oferecido pelo adversário, as deficiências na criação não ficam tão evidentes. E assim, em algumas partidas, mesmo quando estes atletas estão fora, o time consegue se virar, como aconteceu contra o Sport.

Problema é a exceção virar regra. E a fé entrar em campo. O torcedor do Bahia antigamente tripudiava do fracasso. Hoje, muitas almas já duvidam do sucesso. Informações de Marcelo Sant’Ana do Correio, edição impressa

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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