O Treinador

Antes de escrever esse texto, tive que esperar a minha chateação passar. Logo depois do jogo, era impossível emitir qualquer opinião, pois eu estaria sendo parcial e influenciado pela emotividade. Tudo bem, já tomei duas cervejas, dormi e acordei há 35 minutos. Fiquei deitado na cama refletindo e acho que já posso escrever o que penso sobre o trabalho de Renato Gaúcho à frente do Bahia.

Bom, eu sempre fui contra a troca de treinadores no meio de uma temporada, a não ser em casos incontestáveis de fracassos anunciados. Mas depois de uma reflexão, admito que eu concordaria se a diretoria do Bahia resolvesse mandar Renato Gaúcho de volta ao Rio. Vou expor minha argumentação para tal posição.

Um primeiro motivo é simples. Não vejo o Bahia com um padrão tático de jogo. Sempre que o time vai entrar em campo, fico tentando imaginar que padrão de jogo a equipe vai mostrar, as alternativas de jogadas e, sinceramente, não consigo chegar a uma conclusão. Temos um elenco, sem dúvidas, melhor do que os últimos anos, mas fica a impressão de que Renato Gaúcho não sabe aproveitar bem as peças que comanda.

Hoje, o Figueirense foi superior ao Bahia em campo, deu um show de toque de bola, criatividade e movimentação. O Bahia, ao contrário, falta sempre objetividade por parte de jogadores como Ávine, Rogerinho e Morais que ,diga-se de passagem, fez uma partida razoável. Também vejo problemas no posicionamento dos jogadores que, às vezes, não sabem onde devem ficar, caindo dois na mesma bola. Várias vezes, Rogerinho e Vander tiveram que tentar cruzamentos de linha de fundo, quando os laterais do Bahia deveriam estar fazendo essa função e deixando os meias com uma visão ampliada no meio de campo para distribuição de jogadas.

O posicionamento da defesa é outro problema. Os volantes não dão um combate mais eficiente, marcam distante dos jogadores adversários. O zagueiro Nem tem saído para dar o primeiro combate e como é lento termina tendo que cometer faltas na intermediária, como no lance que originou o segundo gol do Figueirense no jogo de hoje. Se não fizer a falta, o adversário consegue chegar rápido em diagonal e finalizam de dentro da grande área, vide dois ou três lances perigosos do Figueirense no segundo tempo e dois dos gols tomados contra o Náutico.

O técnico Renato Gaúcho tem outro defeito grave: a arrogância. Sempre muito arrogante nas suas entrevistas. Não que o bom treinador não tenha que ser arrogante, mas tenho a impressão que a humildade é fundamental para que qualquer ser humano esteja aberto às criticas construtivas. Já Renato Gaúcho, sempre muito convicto de suas idéias, não parece disposto a pensar em outras possibilidades.

Mas o pior de tudo para mim, é ver o técnico tricolor dizer na coletiva que o Bahia jogou muito bem e salientar a má atuação de determinados jogadores, como assim fez com Rogerinho hoje. Na minha concepção, se o time perde, o grupo todo deve ser responsabilizado, inclusive o treinador. Quando ganha, a mesma coisa, a vitória é de todos. Mas Renato deve estar acima do bem e do mal. Definitivamente, ele não erra.

O Bahia já foi líder, agora já está há sete pontos dessa liderança. O rendimento da equipe só faz cair e o futebol sem objetividade é facilmente neutralizado. Qual seria a solução para o tricolor dar a tão esperada arrancada rumo à série A? É possível confiar no acesso do Bahia à série A? Deixo essa reflexão para vocês.

Matéria disponível no www.baheameuesquadrao.blogspot.com

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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