Democracia no futebol da Bahia

Estive perambulando pelo sítio de alguns clubes e lendo seus Estatutos a fim de verificar sobre um tema por este blog tão querido: a democracia. Mas, primeiramente, eu participo neste debate salutar, iniciado pelo intimorato das letras rubro-negras, Franciel Cruz. Aliás, o Franciel colocou em seu blog um desafio à torcida do Vitória: compor uma chapa comprometida com a democratização do E.C.Vitória e abrir o debate sobre a democratização do clube.

Nesse propósito de democratizar nossos clubes, eu pretendo continuar o debate e verifico as semelhanças entre os Estatutos do Bahia e o do Vitória: em ambos os clubes o controle administrativo e o voto para Presidente é indireto, o associado é representado pelo Conselho deliberativo, que elege o Presidente do clube, o que na verdade não é nenhuma novidade.

Nesse ensejo, começando a coletar informações históricas sobre o futebol baiano e a sua qualidade eminentemente oficialista, assistimos o futebol baiano em seu iniciar na Bahia arranjado de tal forma como uma cultura apartada do povo, que impede a democratização derradeira dos nossos clubes mais populares: o Bahia e o Vitória. Cultura esta que foi se modificando com o passar dos anos, mas que deixou em nossos clubes profundas raízes antidemocráticas.

Já na formação dos nossos clubes, início do século XX, sentimentos contra a popularização do futebol é a nota distintiva dos nossos clubes. Deparamo-nos com atitudes de restrição de associados pela cor da pele e profissão, critérios hoje em dia intoleráveis. Formaram-se a partir desses primeiros clubes as primeiras ligas de futebol da Bahia, duas ligas se formaram: uma apelidada de “liga dos branquinhos”, assim apelidada em oposição a liga que faria contra-ponto a elitização do futebol, a “liga dos pretinhos”. Foi paulatinamente que o futebol se popularizou e se profissionalizou dentro de uma cultura racista e elitista.

Na verdade o futebol só virou “baba” para o povo baiano quando alguns jornalistas começaram a publicar as regras do futebol em suas matérias, como também o custo mais baixo para a prática do futebol comparado com o crikte e o remo, então esportes mais praticados pela elite da época. Porém, é necessário frisar que nossas classes mais abastadas e influentes politicamente jamais abriram mão do poder e controle dos nosso clubes, ao mesmo tempo que se apropriaram dos talentos que surgiam a partir da popularização e recriação do futebol pelo povo. Nunca devolveram ao povo a riqueza produzida pelo futebol nem conseguiram superar o elitismo, o sentimento classista e o profundo sentimento antidemocrático de continuidade de valores de sua sociedade excludente. Continue lendo aqui

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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