Bahia: Preguiça, cobiça, inveja e avareza!

Enquanto a decisão do chove e não molha do jogo do Vitória aguarda o fax de São Pedro e não se decide, o BLOG trás uma matéria assinada pelo jornalista Eduardo Rocha e veiculada no jornal Correio, na edição impressa desta quinta-feira cheia de chuva, que aborda os desafios que terá que enfrentar o novo gestor de futebol do Bahia.

O jornalista foi bondoso, quando apenas diagnosticou sete pecados cometidos pelos homens que dirigirem, ou dirigiram, o clube nos últimos anos na área do futebol. Observando o Bahia de forma mais ampla, talvez tenha faltado nesta lista modesta: o amadorismo crônico, o uso do nome BAHIA como pano de fundo para atender interesses pessoais, e o desrespeito total e completo com sua torcida, tema que nenhum gestor de futebol terá como resolver. Confira.

O caminho da retidão é tortuoso. Nele, só caminha quem tem fé. Pailo Angioni dá seus primeiros passos e precisa escapar dos dos pecados de seus antecessores. E com o perdão do Papa Gregório Magno, autor da lista no século VI, decidimos adotar ordem própria para os 7 pecados capitais vedados ao novo executivo do futebol no Bahia – essa religião que move milhões de fiéis.

Preguiça no departamento de futebol, Cobiça pra quem tem grana curta, Gula ao contratar, Inveja de outros clubes, Ira nas situações adversas, Avareza nas oportunidades e Luxúria nas tentações que virão pelo caminho.

PREGUIÇA

Reestruturar o futebol é a principal tarefa de Paulo Angioni. É acelerar o processo de profissionalização: estabelecer novas rotinas, trocar pessoas de função, demitir e contratar. O atual departamento de futebol vive na política do “deixa que eu deixo”, na preguiça. Não há responsáveis diretos por funções ou responsabilizados pelos problemas.

COBIÇA

Angioni chegou ciente de que a grana é curta. Não pode querer ir além das possibilidades do clube, que já tem saúde financeira combalida. Olho grande, cobiça desmedida é problema. Gastar demais é sinônimo de mais dívidas e isso pode atrapalhar a caminhada do acesso à Série A 2011. É problema recorrente desde a temporada 2005.

GULA

Contratar em excesso parece lema das últimas gestões. Simples: negociar mal é negociar muito. Só em 2009, foram 49 jogadores que chegaram ao Fazendão. Destes, só cinco permaneceram para a temporada 2010: Fernando, Thiago Carpini, Leandro, Nen e Bruno Silva. Sintoma claro do despreparo de quem contrata. E esse gula desesperada tem vários efeitos adversos. Trazer jogadores em demasia só provoca inchaço e desmotivação do elenco. Esse pode ser apontado como um dos princi+pais erros de presidentes, diretores, treinadores e gestores desde o final de 2004. Fora que, quanto mais gente no Fazendão, maior a possibilidade de atrasar salários. Além de, claro, mais dinheiro a gastar com rescisões de contrato, indenizações e ações trabalhistas rolando na Justiça. É moderar a fome e apostar em contratações bem pensadas. Só indicação de empresário não dá.

INVEJA

Não dá pra fazer comparações, ficar invejando os outros. O Vitória, por exemplo, não é espelho ou referência. Vive situação bem distinta e optou por outra linha de trabalho. Também não dá para se ficar comparando com outros clubes de Série A e manter, na Série B, o discurso batido de “somos grandes”, “somos campeões”. O discurso é de humildade.

IRA

Angioni precisa saber lidar bem com situações adversas. Ele encontra um Bahia de torcida irada com falta de títulos, de grandes contratações, de ídolos. Não dá para rebater as acusações com discurso rancoroso e jogar a culpa dos fracassos no torcedor ou na imprensa. É trabalhar e lidar com situações adversas, suportar críticas e dar resposta com resultados.

AVAREZA

O clube tem que abrir a mão na hora certa. O clube não pode gastar em excesso, mas precisa ficar atento às oportunidades. É abrir e gastar quando pode, apostar em contratações pontuais de jogadores acima da média (técnica e salarial) do restante do elenco. Dois ou três reforços para qualificar o time podem fazer milagres pelo Bahia na Série B que vem por aí.

LUXÚRIA

Salvador oferece muitas tentações e jogador descompromissado adora. Não dá pra se entregar de corpo e alma aos prazeres da Boa Terra. Ninguém! O profissionalismo não permite regalias. Nem às referências do elenco. A boleirada festeira tem que segurar a onda. E são os membros do departamento de futebol e da diretoria que dão o exemplo. Claro! Dirigente também pode se ver tentado, mas pelas facilidades da política dentro do clube. Não pode amolecer.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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