Passadas as cinzas, que comece o ano

Reza a lenda que o ano só começa em Salvador após o Carnaval. De fato, muito se deixa para ser concretizado após a festa. Negócios, oportunidades de emprego, projetos pessoais e até as aulas de meu filho na escola, que botou uma semaninha marota em fevereiro só para justificar a mensalidade, enforcando inexplicavelmente a quinta e sexta pós-Cinzas. Essa é a minha esperança com relação ao Vitória: que o ano comece a partir de agora, no tocante à qualificação da equipe.

Não faço referência aos resultados e o futebol praticado até então. Em campo, o time vai fazendo o que pode para cumprir a obrigação de ser o melhor em uma competição fraca como o Campeonato Baiano. O Leão lidera com folga e, mesmo estando longe de apresentar futebol consistente e que empolgue, desponta como franco favorito ao título. Uma constante nas últimas duas décadas.

Poderia ser usado como argumento que o Vitória passou pelo seu maior teste, que foi o triunfo sobre o representante baiano da segundona. Entretanto, há muito tempo o futuro Santa Cruz deixou de ser parâmetro de qualquer coisa positiva. Uma equipe que apanha de 5 de um adversário recém-ex-extinto como o Bahia de Feira, diante do olhar de sua sofrida torcida, não merece algo além de pena. Foi bom ganhar deles? Sem dúvida! Ainda mais que o triunfo baixou a bolinha daquela mulambada, que cantou vitória antes da hora. Mas derrotá-los não tem o mesmo gosto de outrora, quando ainda ofereciam resistência. Eles são café-com-leite.

O ponto central é o seguinte: o horizonte é a Série A, que se avizinha. E a maioria dos nossos concorrentes está muitos passos à frente em termos de elenco e qualidade apresentada na prática.

Sinceramente, hoje, não vejo como enfrentar em pé de igualdade equipes como o Santos, Corinthians, Internacional, Flamengo e Vasco. Não é complexo de inferioridade, trata-se apenas de análise fria e comparativa.

A solução é conhecida. De uma hora para outra, não vai ocorrer a transformação de nossos jogadores, regulares em sua maioria, em craques decisivos. Então, há a necessidade de qualificação do grupo, que só virá com a contratação. Pena que, mais uma vez, teremos que esperar as sobras do Campeonato Paulista e Carioca para obter reforços.

Não quero aqui cornetar a direção, mas apenas lançar o alerta sobre essa questão. O panorama não é dos mais favoráveis ao Leão na Série A. Sem querer dar uma de profeta do apocalipse, com o atual elenco, nossa luta será mesmo para se manter na elite. O que vier além disso será lucro a ser bastante comemorado.

José Raimundo Silveira/Barradão Online

Militar, jornalista e rubro-negro desde os tempos de Ricky

E-mail: tencerqueira@gmail.com

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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