Gramado de Pituaçu virou “bode expiatório”

Eu estou muito preocupado com a tentativa de jogadores e técnicos justificarem resultados insatisfatórios pelas condições do gramado de Pituaçu. Em um início de temporada, quando, compreensivelmente, não estão na plenitude de suas formas físicas, para apresentarem um melhor futebol, a desculpa parece a mais conveniente.

A atitude dos jogadores do Vitória, no último domingo (17/1), é uma demonstração disso. Há um flagrante exagero nas críticas às condições do gramado. Querem transformá-lo em “bode expiatório”. A lógica é simples: o gramado não está, ainda, em condições ideais e todo mundo sabe disso. Inclusive, a Federação Bahiana de Futebol, que programou os jogos para lá. Voltamos a dizer que precisamos de mais, pelo menos, 30 dias para melhorá-lo. E esse tempo é maior porque o piso não está podendo descansar.

Sobre isso, é indispensável frisar que a reabertura do Estádio de Pituaçu para os jogos do Campeonato Baiano 2010, sem a recuperação completa do seu gramado, constitui mais uma demonstração de boa vontade da Sudesb e do Governo do Estado da Bahia para com os clubes mandantes, Bahia e Vitória, e suas respectivas torcidas.

Voltando ao Vitória, por que os juniores deram uma goleada de 9 a 0 sobre o Camaçari, na preliminar, e ninguém se queixou do gramado?

Quanto à preocupação do técnico do Bahia, também ela é exagerada. Influenciado por imagens de TV e por reclamações dos rubro-negros, ele pode estar preparando o espírito da torcida para resultados ruins. Será que o piso atual de Pituaçu é pior do que o do Mário Pessoa, em Ilhéus, onde o Bahia goleou o Colo-Colo?

Eu convido toda a imprensa da Bahia para descer ao gramado e constatar a real situação do piso. Ele está muito melhor, mais regular, do que no ano passado. O problema é mais visual do que real. Com o processo de revitalização realizado, ficaram locais vazios de grama, que dão uma péssima impressão para a torcida. Funcionalmente, entretanto, o gramado está melhor do que qualquer outro do Estado e ficará ainda melhor daqui por diante.

Não devemos usar o gramado de Pituaçu como pretexto para justificar atuações medíocres. Até porque técnicos e jogadores estão acostumados a situações muito mais precárias. Dizer que o gramado está cheio de buracos não é verdade. O que existem são claros de grama por causa da quantidade de areia, necessária para o processo.

Quanto à preocupação de Renato Gaúcho com a lesão de algum jogador, todos nós sabemos que contusão é probabilidade e pode acontecer em qualquer gramado. Mesmo nos europeus, considerados os melhores do mundo. E em gramados ruins, como o do Bangu, no subúrbio do Rio de Janeiro, em que o ex-atacante já atuou por diversas vezes, os jogadores podem terminar as partidas ilesos.

Por fim, se as condições do gramado não estão do agrado dos clubes, a FBF poderia ter considerado inadequado e programado os jogos no interior nas primeiras rodadas. Assim, daria um maior tempo de descanso para Pituaçu. Vale lembrar ainda que o aspecto visual do piso está desagradável não por descaso, mas sim por um trabalho de revitalização, imprescindível todos os anos, para se cuidar com zelo e responsabilidade de um bem público tão útil e valioso.

O trabalho não foi realizado próximo ao início do Campeonato Baiano por opção, mas por necessidade, já que não poderíamos nos negar a sediar eventos, com o caráter filantrópico, como o natal Show de Bola, de Ronaldinho Gaúcho, ou com o imenso clamor popular como o show de Roberto Carlos, tão aguardado no Estado da Bahia, bem como a comemoração dos 20 anos do título de Campeão Brasileiro pelo Bahia.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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