Estádio da Fonte Nova: Tombamento x Demolição!

Implosão da Fonte NovaEnquanto o colégio Marista, tombado provisoriamente pelo Ipac, segue em pé e abandonado, o Estádio Octávio Mangabeira, a lendária Fonte Nova, está com os dias contados. Nas próximas semanas, o governo lançará edital para a construção da nova praça esportiva, um dos equipamentos previstos para a Copa de 2014. O projeto e os termos da parceria público-privada passam por uma consulta pública até a próxima terça, 9/9, e não estão 100% definidos. Mas uma coisa é certa: a Fonte de tantas histórias será completamente demolida, a menos que o Ministério Público Federal impeça.

Há três meses, um grupo de entidades representativas dos arquitetos pediu o tombamento do estádio no Ipac e também no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A solicitação foi indeferida nos dois níveis: estadual e nacional. Atualmente, só o que pode impedir – ou, pelo menos, atrasar – a demolição do estádio é um processo administrativo instaurado pelo MPF na Bahia para apurar possíveis danos ao patrimônio histórico decorrentes da demolição. O processo tramita desde julho e ainda não foi ajuizado.

Com capacidade inicial para 35 mil torcedores, a Fonte Nova foi inaugurada em 1951, último ano do governo Octávio Mangabeira. À época, Salvador tinha 350 mil habitantes. De lá para cá, a capital baiana se tornou a terceira metrópole do País e a Fonte se consolidou como parte da vida dos baianos.

Idéia inicial abortada

A idéia inicial de aproveitar parte da estrutura do anel inferior da Fonte Nova teve de ser revista, já que a Fifa sugeriu a retirada da pista de atletismo ao redor do gramado. A proposta – quase uma imposição – foi aceita pelo comitê baiano, que também decidiu reduzir a capacidade do estádio de 60 mil para 50 mil pessoas.

Sem muito alarde, foi anunciada, há alguns meses, a demolição completa da Fonte Nova, o que vai totalmente de encontro ao que defende os representantes da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, do Instituto de Arquitetos do Brasil – Seção Bahia (IABBA) e do Grupo Internacional para Documentação e Conservação da Arquitetura e do Urbanismo do Movimento Moderno (Docomomo).

Os argumentos do Ipac

No dia 10/8, o Ipac encaminhou ao Ministério Público Federal parecer sobre o tombamento da Fonte Nova. O principal argumento do órgão foi que o estádio teria sido modificado no seu projeto original. “Inexiste fundamento apto a ensejar”.

O tombamento do Complexo Esportivo da Fonte Nova, notadamente diante do fato de que o projeto original, do arquiteto Diógenes Rebouças, foi alterado, implicando no comprometimento do seu mérito”, diz o documento. Ainda consta no parecer que “a inutilização do equipamento configurou-se como única hipótese apta a, de acordo com critérios técnicos e objetivos, atender às exigências do Caderno de Encargos da Fifa, de modo a garantir a eleição da cidade de Salvador como uma das subsedes da Copa 2014”.

‘A justificativa não é fundamentada’

O presidente do Instituto dos Arquitetos, Paulo Ormindo, defende o tombamento da Fonte Nova. “É um complexo esportivo que está inserido na história do esporte baiano, que atende a várias modalidades e está rodeado por três bens tombados: o Dique do Tororó, o Colégio Anfrísia Santiago e o Convento do Desterro. Isso sem contar com seu valor arquitetônico, já que o estádio foi feito em formato de ferradura por Diógenes Rebouças”, afirmou

Ormindo ainda questionou o impacto ambiental, os custos do Estado com a construção do novo estádio – avaliado em R$ 550 milhões – e criticou a decisão do Ipac. “A justificativa não é muito fundamentada. Alterar um monumento é uma exigência do tempo, e, no caso da Fonte Nova, a alteração foi feita pelo mesmo arquiteto que o projetou”, argumenta. Matéria de autoria/foto de Raphael Carneiro e Larissa Oliveira do Jornal da Metrópole

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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