Confesso que sequei (pouco) o Bahia

Saio desta minha vida de obsequioso silêncio para entrar nesta história (chupa, Getúlio!) com a seguinte e primeva confissão: por um grave defeito de caráter, sequei o Bahia poucas vezes. Na verdade, na verdade (alocução muito usada por Jesus Cristo e por advogados quando vão começar a mentir) minha falha ética não é tão severa assim. Apenas disse isso para tentar oferecer uma dramaticidade canalhamente nelsonrodrigueana nesta nova série do INOLVIDÁVEL Impedimento.

Mas a verdade, aquela que salva e liberta, é que sequei pouco por outro motivo: soberba. Afinal, o Bahia pode até possuir 43 títulos estaduais, dois campeonatos brasileiros e outros trocados, mas nunca, jamais, conseguirá conquistar a glória suprema do brioso Esporte Clube Vitória: ser campeão de terra e mar na primeira visita do Papa ao Brasil, em 1980. É por isso que eles morrem de inveja. Mas eu, cristão ortodoxo, os perdôo.

Ademais (recebam, secadores, um ademais na caixa torácica e distribuam de prima), tem outro porém. Desde o início da invasão da Normandia, o ex-quadrão tricolor não disputa absolutamente nada. E secar o nada é metafísica demais para meu cartesiano espírito. E já que começamos a falar nas coisas do espírito, encerro estes prolegômenos informando que todos os dias repito a seguinte oração atribuída a Santo Agostinho: “Senhor, livrai-me das tentações (de secar meu rival), mas não hoje”.

Bahia 2 x 1 Internacional (15/02/1989)

A Bahia tem um grave defeito de caráter. E digo isto agora não como metáfora, mas sim enquanto fato. E, conforme ensina o bom jornalismo, com ou sem diploma, “fato é fato e meninico é meninico”. Pois muito bem. Uma das mais irritantes características desta besta e (ainda) bela província é a invocação constante do espírito da alegria, do idiota orgulho de ser baiano. E naquele ano da graça de 1989, este otimismo atingia níveis doentios.

Nos becos, ladeiras, butecos, vielas e outros ambientes mais inóspitos, como emissoras de rádio, só se ouvia aquela ladainha: “O Bahia é a Bahia neste Brasileirão”. ……..

Leia aqui na integra o artigo do imperdível Franciel Cruz, se você não rir, seguramente vai chorar. De raiva

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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