
E a história se repete. Parece que voltei ao início do campeonato brasileiro do ano passado, quando critiquei neste espaço a arbitragem brasileira, a justiça desportiva corrupta e a manipulação desta pela mídia. Volto agora para mais um protesto, talvez mais um lamento que um protesto, pois apesar de escrever à redação da Globo, Band, Sportv e ESPN, sei que não serei ouvido por ninguém.
A diretoria do Vitória entrou com representação contra a arbitragem do jogo de ontem, em que o Vitória foi claramente prejudicado durante a partida, e, principalmente, no lance do gol legítimo de Roger, mostrado pelas câmeras e incontestável diante da visão do lance por trás. O que vocês acham que vai acontecer? Nada. Ninguém será punido por prejudicar um time nordestino em favor do Palmeiras. Os jornais preferem nem comentar muito a respeito, para não “chamar muito a atenção” para o lance. Preferem glorificar o gol palmeirense nos acréscimos. No “Globo Esporte” de hoje, principal jornal esportivo da Globo, ao mostrar o lance a edição da reportagem não quis dar o veredicto e dizer que foi gol, preferiu mostrar um fotógrafo “zé-ninguem” que estava atrás das placas de propaganda fazendo sinal de negativo com o dedinho para o atacante Roger, e a repórter tosca da Globo comenta: “… segundo o fotógrafo atrás do gol a bola não entrou!…” em um tom de alegria e satisfação. E o que dizer da bandeirinha que não assinalou ao árbitro que a bola entrou? Será que ela não viu mesmo ou será que ela preferiu não arriscar prejudicar o Palmeiras, já que no ano passado esta mesma auxiliar, Márcia Bezerra, foi suspensa por não validar um gol do Flamengo na derrota para o mesmo Vitória no Brasileirão de 2008? A preocupação dela deve ser a mesma de todos os árbitros que são suspensos ou punidos no futebol brasileiro: Se errar contra os grandes clubes do eixo é punição certa, já contra os outros é melhor fazer vista grossa.
Outra questão que volto a colocar aqui é a respeito da influência da mídia nas decisões do tribunal, particularmente a TV Globo e suas afiliadas, que são responsáveis pela transmissão de todos os jogos do Brasileirão. A questão é: quando o STJD decide punir ou não, se baseia em que provas? Nas imagens da transmissão. E quem produz as imagens? Quem seleciona o que vai ao “ar”? Quem produz as “provas” é a rede de televisão que transmite o jogo, leia-se, a Rede Globo. Ou seja, se a Globo quiser mostrar aquela “cotovelada” ou “cusparada” fora do lance que ninguém viu, ela mostra, e o responsável é punido; se a Globo quiser mostrar por todos os ângulos que num determinado lance a bola entrou, ela mostra, e o juiz é suspenso. E se a vítima for o Vitória? Aí não, é melhor fazer vista grossa, ou então mostrar um “Zé-ninguém” atrás do gol dizendo que a bola não entrou. Quem é o verdadeiro “tribunal”, quem julga, quem prova, quem decide, é a TV, pois a transmissão é dela. E o tribunal se baseia nestas imagens. Será que se fosse o Palmeiras que tivesse feito um gol, e o juiz não assinalasse, não teríamos o lance sendo repetido incansáveis vezes em todos os telejornais ou internet? Será que o trio de arbitragem não estaria sendo crucificado neste momento e o triunfo do Vitória sendo contestado? Será que se fosse Ronaldo ou Adriano a levar oito pontos no rosto depois de uma cotovelada o lance não seria revisto e o agressor punido? E Nádson? “Quem é Nádson?”, perguntam eles…
Ivan Leão/Site Canal Vitória
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