Pegando no tranco

Cantado em versos e prosas, competições de pontos corridos, inicialmente admitido na Europa e por último no Brasil, veio muito mais para adequar o nosso futebol ao jogado no resto do mundo e principalmente para atender aos mais poderosos, em detrimento das realidades regionais, quando o norte/nordeste ficaram no prejuízo, já que tiveram que se moldar a outras situações economicamente mais estabilizadas.

Do ponto de vista da justeza, inquestionável esse tipo de competição. Pontos corridos. Passa para o publico a idéia de sensatez, no inicio o brilho foi muito questionado, por conta da ausência de partidas finais, aquela que de fato envolvia as emoções, justamente por conta de igualar as forças numa decisão, muito mais pela adrenalina do que por outro motivo qualquer e sob esse ponto de vista, vai se sustentando sob prejuízos de outros. Tivessem questionado sob outros argumentos não menos importantes, como a sobrevivência do futebol do Norte Nordeste, talvez aí os argumentos pudessem ter sido quebrados, senão outras soluções mais reclamadas por cá, sido atendidas.

Não a toa que a CBF mantém a Copa do Brasil, em detrimento inclusive das competições regionais, assim segue uma competição de moldes mais tradicionais em contrapartida da competição de pontos corridos, que premia os mais bem estruturados financeiramente, já que o aporte financeiro investido é diretamente proporcional as suas posições nas competições, mas como no futebol, às vezes se foge da lógica, acontece eventualmente alguém ascender a um posto não habitual para logo cair na sua cruel realidade.

Invariavelmente também ocorre, até por conta do abstrato do futebol, vira e mexe alguém dentre os nordestinos ascende ameaçando postos dos times do sul/sudeste. Até aqui esses acidentes de percurso tem estimulado os pobres do norte/nordeste, quando em sonhos se imaginam uns superiores aos outros sejam internamente, no caso baiano, seja externamente, como no caso dos pernambucanos em relação à Bahia de agora, que por ora, ainda mantém dois times na primeira divisão do futebol brasileiro, enquanto na Bahia apenas o Vitória vem se mantendo no topo.

Não muito longe tivemos o futebol pernambucano num ostracismo desgraçado, bem recentemente ascenderam, mas já dão sinais de cansaço, haja vista, parece, andaram botando o chapéu além do alcance e já começa a ter dificuldade para apanhá-los. Válido, até porque, se não lançassem seus chapéus tão longes, não teriam esses recentes momentos de graça.

Alguns mais românticos já vão apontando a má relação do presidente da FPF com a política da CBF, como um dos fatores contributivos numa possível queda futura, ou seja, já preparam o discurso para se enganarem, eles lá e nós por cá, afinal sonhar é doce, mas a cana também é doce, mas é dura, se vacilar quebra a ponte fixa e haja prejuízo.

Não resta dúvida que competições por pontos corridos são mais justas do ponto de vista de vencer sempre o melhor, mas a realidade brasileira essa justeza só vai se adequando por conta das variantes apresentadas como, por exemplo: Acessos a Libertadores, Sulamericano, acessos e decessos entre Séries. Mas, tem nada não, quando saturamos desse ambiente de elitização unilateral, a saida vai ser a Copa do Brasil nos moldes mais tradicionais para nos agarrarmos, até acharmos outras formulas que se ajustem a um país de dimensões continentais como o nosso.

Enquanto divagamos sobre o tema ora exposto, ficamos a rememorar sobre outras variantes do campo político e social de nossa história e aí observamos que sempre estamos mesmo é pegando no tranco, evoluindo gradualmente, passo a passo, vencendo etapas já que, o que é bom para Chico nem sempre é bom para Francisco, mas nem por isso deve deixar de existir.

A realidade econômica que a marolinha internacional, nos impõem, por ora, pode se encarregar de mudar a realidade das coisas. No passado torcedor mais fanático ojerisavam ver seus mantos sagrados exibirem marcas comerciais, agora, até sonhamos com qual marca nosso glorioso vai se apresentar, de fato, até torcemos pra que isso aconteça logo. Já imaginou o Bahia expondo Odebrecht, BNB, Banco do Brasil, Casas Bahia ou até mesmo o Bahêa Vip/Bora Bahêa. No caso do Vitória, exibirem marcas da Prefeitura de Salvador, Governo do Estado da Bahia, Sudesb ou Sou mais Vitória. Que luxo, hein!

Quem sabe não vai ser por aí que as coisas poderão se ajeitar, até porque ‘marcas’ investe mesmo é em maior e mais magnanima exposição, os interesses são pontuais e variam muito dentro do tempo, da história e principalmente da cultura, por exemplo, não há porque uma grande marca nordestina patrocinar um clube do sul sudeste e vice versa e talvez seja por aí o ‘vamos acordar’ nordestino, de forma que haja competições de Série A,B,C e D de lá, dos abastardos e outras Séries A,B, C e D de cá dos menos favorecidos, mas que ao final, uma disputa seja feita entre os vencedores deles contra os nossos, definindo o campeão nacional, isso para evitar um possível e perigoso aparthaid.

Autor(a)

Redação Futebol Bahiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

Deixe seu comentário