E.C. Bahia numa nova era

Por que uma prestação de contas será transformada em um evento político? Uma pergunta boba, mas que provaca reflexões mais profundas que o simples interesse político. Na verdade, estaremos na próxima quinta-feira presenciando a retomada do Bahia ao bonde da história. Era notório que há muito tempo os reclames da torcida e de principais grupos oposicionistas se davam em função da dificuldade da passagem do tricolor para uma nova era em que a transparência com a prestação de contas dos seus administradores tornasse o Bahia um clube fiscalizado e mais sério, capaz de atrair investidores que já não estariam entregando seu dinheiro a aventureiros, mas para pessoas, tricolores, que tinham compromissos institucionais de prestar efetivamente contas aos demais sócios.

As adminsitrações que passarão depois desse evento da próxima semana deixarão o clube com condições de disputar no mercado, numa situação de igualdade contra qualquer outro clube do sudeste ou sul do país, patrocínios de empresas que sempre quiseram associar sua marca ao E.C.Bahia, mas que temiam um envolvimento maior com o tricolor da boa terra devido ao grande e vasto feudo que o Bahia representava em termos de primariedade administrativa e valores de um velho arcaísmo político; tanto combatido, ao mesmo tempo que com suas muralhas do atraso, deixavam o tricolor isolado da evolução que acontecia no futebol brasileiro com clubes mais transparentes, estatudos modernos e escolha democrática de seu Presidente.

Hoje, esse sonho está próximo de acontecer. Na próxima quinta-feira o Bahia estará recebendo diversos segmentos do clube, oposicionistas e situacionistas, ligados unicamente com o fim de soerguer o Bahia, um gigante do futebol nacional. Estaremos além disso presenciando um acontecimento que recolocará o Bahia de fato como grande clube de futebol profissional, já que o Bahia sempre esteve desde cedo vocacionado para tal fim. O profissionalismo, contudo, não é uma novidade no Bahia. Tivemos presidentes no tricolor baiano que instalaram na Bahia o chamado empresário do futebol, “o cartola”. Pessoas dinâmicas, como o ex-presidente Osório Villas Boas, que fizeram de seu personagem de dirigente de clube quase que uma associação com suas personalidades. Outros o seguiram, com êxitos e fracassos retumbantes.

É verdade, o tempo passou e esta feição de administração já não fazia sentido num futebol agora marcado pela lei Pelé, que definitivamente elevou os clubes prematuramente a uma condição de uma empresa como outra qualquer. Diante desses desafios já não restava outra opção ao Bahia, criar um novo padrão de administração. Dessa vez unicamente voltado para um profissionalismo e administração notadamente impessoais. O administrador no Bahia terá, agora, que prestar contas e sempre será questionado dentro dos padrões legais, não mais o Bahia será um feudo dirigido contra a vontade dos seus sócios e torcida. A esperança que essa abertura traz já carrega consigo mesma a renovação de nosso Estatuto, cujo tempo o deixou velho demais.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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