O 1º de maio do jogador de futebol

Zagueiro_AlisonO contrato de trabalho do jogador de futebol é hoje regido por uma lei especial chamada vulgarmente de Lei Pelé e supletivamente pela Consolidação das Leis de Trabalho, a CLT. O jogador de futebol, hoje, graças a avanços nos direitos trabalhistas do nosso país, depois da Constituição de 1988, não pode ser mais tratado como uma mercadoria. A lei do passe, que vigorava antes da Lei Pelé, era uma espécie de lei que, dada as peculiaridades da profissão de jogador de futebol, tornava o atleta profissional como “res”, sem consideração a sua dignidade e autonomia enquanto pessoa humana. Antes da lei Pelé, os clubes negociavam os jogadores sem que estes pudessem escolher nem opiniar, apenas recebiam 15% de qualquer transferência, e mesmo quando os contratos de trabalho venciam, os jogadores continuavam atrelados aos clubes.

O jogador de futebol, hoje, tem um contrato de trabalho que não pode ser menor de 3 meses nem passar de 3 anos. Possuem ainda uma participação no direito de arena dos clubes na cessão para transmissões televisivas de futebol e ainda o direito de imagem, que podem negociar com mais autonomia. Podemos dizer que com considerável avanço, o trabalhor que optar em ser um atleta profissional ainda não terá muitos dias de lazer com sua família, terão muitos dias cansativos de trabalhos extenuantes, jogos de dois em dois dias e uma carreira curta que o jogador precisará ser inteligente para conseguir acumular um patrimônio que lhe dê segurança depois de encerrada sua carreira. Geralmente, muitos jogadores em suas melhores fases esbanjam dinheiro e perdem oportunidades de realizarem projetos para a sua vida levando em conta sua aposentadoria.

O trabalhador de futebol tem direito a FGTS, Previdência Social, férias remuneradas, 13º salário e outros direitos que os trabalhadores regidos pela CLT também possuem. Ainda por terem uma carreira breve, negociam luvas e “bichos” com o seu empregador. A maioria dos jogadores de futebol profissional sonham em ser um “Ronaldo”, mas na verdade o que acontece é uma vida difícil de muitas viagens, salários atrasados e clubes que comprometem o pagamento de seus salários e outros direitos. Os jogadores ainda possuem em seu desfavor uma falta de consciência do atleta em relação aos seus companheiros de trabalho. O estímulo para que os jogadores ajam como se fossem touros numa arena de vale-tudo parece estar mais próximo do sentimento dos jogadores de futebol, como os antigos gladiadores da antiguidade clássica, que uma classe organizada e consciente.

PS.: Esse gesto de Alisson na foto lembra o hoje Dr. Socrates quando jogador. Sua face cabisbaixa e fechada refletiam a dificuldade da profissão.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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