Torcida quer divórcio do time do Bahia

Enquanto estamos em lua de mel de um casamento tudo é novidade e motivo para beijinhos, abraços e muito chameguinho para lá e pra cá. Passa um tempinho, começa a rotina e começam a aparecer as queixas: ora é o ronco do maridão ou é a cueca colocada no lugar errado, tudo vira motivo para o princípio de uma discussão interminável que vai desgastando o relacionamento. O final disso tudo é no cartório, hoje já não tem necessidade de entrar na justiça para se “celebrar” mais uma promessa de amor eterno que não se concretizou.

Mas como é que podemos mudar um pouco o final dessa trama que se repete com quase 99,9% da humaninade racional e livre? Como recuperar o amor se o encantamento acabou? Diriam alguns que precisamos de uma fórmula, um elixir da juventude que recupere um pouco a admiração e o respeito que o casal tinha um pelo outro. Como soluções de alquimistas estão um pouco fora de época e lugar, prefiro falar do casamento entre o Bahia e a sua torcida celebrada no Estádio Monumental Parque Ecológico de Pituaçu.

Vamos aos fatos: o Bahia já não tem a pegada do primeiro turno nem a sua defesa, na hora de afastar as más intenções do adversário com nossa querida bola, está bem. O que aconteceu? Maratona de jogos? Desmotivação do time por já ter conquistado a vaga para as semifinais? Não vemos mais alegria no time do Bahia; a torcida então vaia o time e depois o time brocha. Já vimos essa história muitas vezes, só que ninguém foi ao olho do furacão para solucionar o problema.

Não estou dizendo que a questão seja simples como resolver um problema de trigonometria. A questão envolve planejamento e atitudes que preservem o casal da rotina e do mau-humor. Faria bem para o Bahia treinar na praia, tomar mais água de coco e evitar a concentração antes dos jogos. Para se fazer isso, contudo, é necessário confiança mútua. É preciso que o profissional obedeça aos ditames do profissionalismo para que o treinador confie no jogador a fim de que ele não flerte com o azar. Manter o jogador preso dentro do Fazendão, treinar com os mesmos jogadores todos os dias e comer a mesma comida ninguém aguenta.

Como não tempos um calendário que permita que o Bahia saia de Salvador para respirar novos ares em lugares longe da rotina, então a única solução é sair da rotina em Salvador mesmo. Quebrar os maus hábitos, dar um tempo da torcida para que ela sinta falta e saudade dos bons tempos do primeito turno quando fomos campeões. Não adinta apelar para a ubanda nem para o candomblé, embora uma aconselhamento espiritual nunca seja ruim. Isso tudo na verdade passa por planejamento e capacidade de discernimento. Sem essas qualidades vamos continuar a descer ladeira rumo à solidão.

Maurício Guimarães

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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