O futuro dos clubes de futebol – 10 anos da lei Pelé

Únicos beneficiados com a lei Pelé, os empresários do futebol, comandam o futebol brasileiro e hoje usam o clube como porta para futuras negociações de seus outorgantes, os jogadores, que por sua vez ficam a amarrados aos seus procuradores por cláusulas leoninas.

A lei Pelé, assim, ao tentar igualar clubes de futebol a empresas não criou nenhuma proteção para os clubes a fim de evitar a ação predatória dos “procuradores”, que com o fim da lei do passe se tornaram os verdadeiros donos dos clube. Antes, com a lei do passe, 85% da receita da venda do jogador ficava com o clube e 15% com o jogador, hoje o jogador com dois anos de clube já é “dono” do seu passe (direito federativos).

Os clubes já não conseguem se financiar e ter lucros investindo nas divisões de base porque o atleta ao completar 16 pode ter seus direitos federativos comprados, bastanto para isso o comprador indenizar o clube pelo custo na formação do atleta. Com isso os clubes se vêem numa situação desfavorável que resulta na busca de outras fontes de receitas. As federações e as redes de televisão que emprestam dinheiro para os clubes antecipam receitas aos clubes, e em troca de exclusividade os clubes ficam impedidos de agirem com independência. Nesse sentido os clube dos treze perdeu a razão de sua criação, tornando-se mero intermediário entre clubes e emissoras de televisão para negociar antecipação de receitas.

Mas não podemos imaginar que a lei Pelé foi a única culpada por tudo de ruim que aconteceu com os clubes como o Bahia. Se o Bahia e outros clubes tivessem Estatutos a exemplo da lei de responsabilidade fiscal que responsabiliza os gestores públicos por más administrações, ou mesmo se os clubes pudessem nos moldes da empresa privada sofrer as conseqüências da lei de falências e recuperação de empresas, possivelmente teríamos outras opções que não fosse o desfazimento pelos clubes de seu patrimônio.

Os estatutos reformados para garantir aos clubes de futebol uma maior transparência administrativa a fim de que seus gestores sejam cobrados, fiscalizados e também responsabilizados pelos seus erros e acertos é o começo desse período de incertezas para os clubes de futebol superarem o desafio de enfim se tornarem verdadeiras empresas. É possível que a lei Pelé sofra ajustes a fim de minorar a sangria que os clubes vem suportando, até lá os clubes precisam também confiar no seu associado e chamá-lo para participar com eleições direitas para presidente do clube.

Maurício Guimarães

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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