Expectativas para primeiro BA x VI na era PC no Bahia

Há muito tempo eu não via quem pudesse crer num milagre no futebol baiano. Os clubes que neste domingo protagonizarão mais um clássico, Bahia e Vitória, estarão deixando para trás lembranças de tempos em que ambos estavam na terceira divisão do brasileirão. Mas, para uma pessoa, especialmente esse BaxVi tem algo a ver com renascimento. O futuro profissional de Paulo Carneiro, quando o Vitória chegou ao fundo do poço, parecia o mesmo destinado a outros dirigentes de futebol que caíram no anonimato devido às fortes pressões dos seus próprios clubes.

O tempo rei, como diz a canção de Gilberto Gil, contudo, mostrou como a paixão clubística é pequena diante do próprio brio e a vontade de superação humanas, e que pode significar algo menor diante da trama da vida a nos desafiar. Brio e vontade de superação, vingança sublimada, são os componentes essenciais de uma personalidade complexa como a de Paulo Carneiro e desse jogo de domingo. Não é simples entender um homem e as suas criações.

O Bahia é um clube que viveu por 7 anos no inferno, o mais longo de sua vitoriosa história. E o retorno ao céu depende de Paulo Carneiro, antigo algoz do Bahia, que está pondo em suas mãos os sonhos de milhares de baianos de ver o Bahia de novo chegar a festejar um BaxVi com gosto de campeonato. Paulo Carneiro precisava de algo para acreditar e que fosse tão grande como sua paixão de juventude, o Vitória. Já o Bahia precisava de Paulo Carneiro para recuperar sua auto-estima também.

A roda da vida como um moinho vai triturando nossos sonhos mais mesquinhos, disse Cartola. E o sonho de pureza e identidade com os clubes perde espaço para a imprevisibilidade da vida e a necessidade de o homem buscar novos desafios. Marcelo Guimarães Filho e Paulo Carneiro possuem uma missão grandiosa: o primeiro, quer limpar a imagem negativa que seu pai deixou no Bahia; o outro, quer recuperar sua própria imagem de empresário bem sucedido no futebol baiano.

Parece até uma guerra em que o grande exército a ser batido possui o general que outrora o derrotou. Seria “Coriolano” de Sheakespeare encenado no Barradão, quando Roma traiu seu herói para alimentar a demagogia de pessoas pouco escrupulosas e ávidas para aparecerem para o povo como heróis? Pois bem, não sei se Paulo Carneiro é “Coriolano” nem se o Bahia é um exército invasor que vai usar o general do inimigo para vencer o inimigo comum agora. O Vitória parece ser o time a ser batido e o Bahia é o time que deve vencer.

Não sei, contudo, quem ganhará o jogo amanhã. O que compreendo é que a vida imita a arte para fazer crer aos tolos mortais, como nós, que a vida é feita por homens essencialmente apaixonados e românticos de cujo sucesso em suas mãos depende milhares de outros sonhadores.

Maurício Guimarães

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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