O silêncio de mais uma vítima dos Ba-Vis

O corpo inerte na cama da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital da Cidade, na Caixa D’Água, retrata a história de uma tragédia de um futebol que deveria ser feito apenas de festa. O coma do jovem E.S.M., de apenas 17 anos, causado por um traumatismo craniano, impede que ele mesmo relate o ocorrido. Mas, o pai do adolescente, o policial Raimundo Marques, 47, garante que o filho foi espancado na saída do Ba-Vi, no Estádio Barradão, por torcedores de uma torcida organizada do Vitória.

Segundo Marques, o filho dele foi ao estádio com amigos e um vizinho. “Na hora de ir embora, ele teve o desacerto de pegar a torcida do Vitória subindo”, comentou. “Foi o arrastão do Barradão. Eles não perdoam ninguém no arrastão do Barradão. Sempre existiu isso e ninguém vai acabar”, completou o pai do adolescente, que mora na Fazenda Grande do Retiro.

O policial afirmou que o filho foi ao estádio sem camisa de nenhum clube ou torcida organizada. Mesmo implorando para não apanhar e afirmando torcer para o Vitória, clube de seu coração, E.S.M. foi agredido com socos, pontapés e pedradas. “E esse foi o primeiro Ba-Vi dele, ele me falou que iria porque este seria o Ba-Vi da vida dele”, lembrou Marques com os olhos lacrimejados.

Após sofrer as agressões, o torcedor do Vitória ficou desacordado na entrada do Barradão. Com traumatismo craniano e afundamento do crânio, deu entrada no Hospital Roberto Santos às 22h40min de domingo. Durante a madrugada, foi transferido para o Hospital da Cidade, onde passou por uma cirurgia de mais de três horas, na segunda-feira, para tirar um coágulo e estancar a hemorragia. “Ele está totalmente em coma. Não ouve, não fala, não se mexe. Apenas respira e, por aparelho”, lamentou o pai.

O caso foi denunciado à reportagem da Tribuna da Bahia por um integrante da Torcida Organizada Bamor. Segundo ele, houve ainda agressões da sua torcida à torcida rival no caminho de volta, no bairro de São Rafael, onde um integrante da Torcida Uniformizada Os Imbatíveis também foi espancado. “Nosso objetivo não é esse. A diretoria, inclusive, condena isto e quando sabemos do caso tentamos identificar as pessoas e expulsá-las da Bamor. Só queremos apoiar o Bahia, como fizemos no domingo”, afirmou sem querer ser identificado.

Como não estava presente no Barradão no domingo, Raimundo Marques não confirma qual torcida organizada do Vitória teria provocado o “arrastão”. “Não posso dizer com toda certeza qual foi, mas só tem uma lá que ‘arregaça’, não existe outra”, disse.

Por outro lado, um diretor de Os Imbatíveis, maior torcida organizada do Vitória, diz desconhecer a agressão. “Isso é novidade para a gente. Nós procuramos o máximo evitar essas coisas. Quando descobrimos, procuramos saber mesmo se é um integrante da torcida, se é associado e aí punimos eles”, comentou salientando que a torcida organizada foi escoltada durante todo o período pela Polícia Militar. Matéria de Raphael Carneiro da Tribuna da Bahia

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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