Bahia e Banco Opportunity, uma parceria furada!

Parecia sonho, enfim, seria realizado. O Bahia estava prestes a entrar para o seleto grupo dos grandes clubes do mundo. Promessas não faltavam. A criação da empresa de futebol ia trazer jogadores de seleção brasileira e todo o suporte fora de campo estava pronto para o sucesso que seria o primeiro clube-empresa do Brasil.

O Publicitário Nizan Guanaes, também tricolor e cheio de idéias, compareceu á pomposa reunião de assinatura do contrato, na hoje bicentenária Associação Comercial da Bahia. E até o estilista Ocimar Versolato estava engatilhado para desenhar os novos uniformes.

Jogadores como Fábio Baiano, Bebeto Campos, Axel e Uéslei chegaram para a série B de 1998. E quando todos esperam colocar o Bahia na elite, por pouco não houve a queda para terceirona. O resto da história você ler abaixo.

Dez anos após o inicio da sociedade entre Bahia e liga de futebol S/A, braço do banco Opportunity, o saldo é o pior que o torcedor do Bahia pode imaginar. O banqueiro Daniel Dantas condenado a dez anos de prisão, o Bahia há seis anos sem conquistar um titulo e com um débito de R$15 milhões com o antigo sócio

E, pelo distrato da sociedade, referendado em assembléia de sócios no dia 4 de outubro de 2006, o Bahia se comprometeu a destinar um percentual da venda de atletas para o Opportunity até o ano de 2023 – quando expiraria a parceria de 25 anos, se fosse bem-sucedida

Pelo acordo, o grupo financeiro receberia 10% das vendas de jogadores realizadas em 2007; 20% em 2008, e 30% de qualquer jogador vendido pelo Bahia de 2009 até 2023. Em troca, o perdão da divida. E se o Bahia descumprir o acordo a Liga Futebol S/A tem direito a voltar a comandar o clube.

Como não se bastasse, o acordo feito em 1998, virou alvo das investigações da operação Satiagraha da Policia Federal – fruto da suposta entrada de US$ 32 milhões no tricolor, no dia 31 de dezembro de 2006, operação realizada pelo Opportunity Fund, através da empresa Parcomm. O Bahia nega o recebimento da verba.

Propostas A parceria virou pauta obrigatória dos candidatos à presidência nas eleições do próximo dia 11. Situação, oposição, ou seja quem for o rótulo, os pleiteantes à cadeira de Petrônio Barradas concordam que o quadro não pode continuar do jeito que está.

O deputado Marcelo Guimarães Filho dá ares de urgência à negociação com o antigo sócio. “É uma das primeiras atitudes que a gente vai tomar se for eleito. Logo na primeira semana, se possível” garante.

O Bahia S/A (Basa) foi criada em fevereiro de 1998, logo no início da gestão do pai do parlamentar, Marcelo Guimarães, que assumiria a presidência em dezembro do ano anterior, com o clube já na série B. Na época teve o apoio dos ex-presidentes Paulo Maracajá e Osório Villas Boas

O único concorrente de Marcelo nas urnas, até agora, é Fernando Jorge Carneiro, cujo o projeto propõem negociar com a Ligafutebol S/A para incorporar novos parceiros á sociedade.

Mas Fernando admite outro rumo. “Eu quero uma negociação em que o clube seja menos lesado. Talvez já não deva reativar o BASA, se a parte tributária está resolvida com a timemania” A diferença de opinião, segundo o candidato é porque o projeto de sua candidatura foi elaborado em fevereiro, na conferencia Gigante Tricolor.

Marcelo Filho diz que faria o mesmo.

Candidato Marcelo Guimarães Filho afirma que, apesar de a parceria ter sido feita na gestão do pai, ele não se sente mais pressionado a desfazer a ligação. E, acredita que o ex-presidente fez a coisa certa, em 1998. “Se eu fosse presidente na época, teria feito a mesma coisa” afirma.

O candidato acredita que a sociedade entre o Bahia e o Opportunity não deu certo porque a economia brasileira não comportava tal modalidade de parceria naquele momento. “Transformar o clube de futebol numa empresa não é por si só algo ruim. Pode ser que o negócio seja bom daqui a 20 anos, mas não era maduro naquela oportunidade”

No ano de formação da sociedade, a ligafutebol S/A injetou R$ 12 milhões no tricolor. Metade foi usada para quitar dividas, metade no futebol.
Crédito do artigo: Herbem Gramacho da edição do Correio desta quinta-feira / Foto Blog. Já o sorriso de Daniel Dantas é dele próprioArtigo publicado em 03/12/2008

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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