Abaixo a Ditadura no Esporte Clube Bahia

A greve dos funcionários da cozinha e lavanderia do Bahia, que aconteceu na última segunda-feira, teve um desfecho nada bom para os trabalhadores do clube. Querendo da uma demonstração de força, a diretoria demitiu a cozinheira Fernanda Santana, suposta líder do movimento. Empregada do Bahia há um ano e sete meses, Fernanda disse que o motivo da demissão não foi nada convincente.

“Eles alegaram que a cozinha estava superlota. Por isto, estavam dispensando os meus serviços. E porque só me demitiram agora? Eu não acredito nisso!” comentou. De acordo o assesssor de imprensa do Bahia, Jaime Brandão, a demissão da funcionária já estava programada. “ A demissão dela já estava prevista, mas não tenho nada oficial,” resumiu.

Para Fernanda, o descaso da cúpula tricolor com os funcionários é o principal fator que causou a greve. “ Eles sempre falam que a situação do Bahia é difícil. Quero saber se o Bahia sabe da nossa situação!, reclamou

A cozinheira disse ainda que, como nos piores anos da ditadura militar, quem fala de salário atrasado, acaba sendo demitido. “Um amigo meu que trabalha lá me ligou ontem (terça) dizendo que eles estão ameaçando todo mundo. No Bahia é assim, quem luta pelos seus direitos, é intimidado. Todo mundo morre de medo” completou.

Fernanda possui o 2º grau completo e mora com os pais em uma casa de dois cômodos em Sussuarana. Mãe de uma filha de oito meses, ela contou que se viu obrigada a mudar do antigo lugar em que morava, no bairro de Pituaçu, por causa dos salários atrasados. “Lá no Bahia é um verdadeiro sofrimento. Eles queriam me dar um vale de 100.00 reais, mas eu não aceitei. O dinheiro até que entra, mas ninguém o que eles fazem ninguém sabe”, disse Fernanda que ganhava apenas R$ 412.00 por mês.

Segundo ela, a maioria dos funcionários do Bahia não possui plano de saúde. “Tive uma colega que levou três pontos na mão e teve que trabalhar com o dedo cortado. Eles nunca procuraram a gente para saber o que está acontecendo”, finalizou.

Conta do absurdo

As cozinheiras que trabalham no Bahia recebem um salário de R$ 412, cada. Se o Bahia dispensasse um jogador como Bruno Cazarine, por exemplo, que não vêem sendo aproveitado, pagaria os salários atrasados dos funcionários. No total, a divida é de R$ 4 mil. O valor de uma indenização por assédio moral tem valor mínimo equivalente a dez vezes a remuneração do empregado. Sendo calculado em dobro em caso de reincidência

De olho na lei

A direção do Bahia, apesar de receber muitas criticas por parte dos torcedores, mostrou-se no mínimo esperta na hora de demitir Fernanda. Demonstrando conhecimento sobre a lei 7.783 de 28 de junho de 1989, que reconhece o direito de greve e veda a rescisão de contrato de trabalho durante o período grevista, a funcionária só foi demitida um dia após a paralisação.

De acordo o advogado Jorge César Ribeiro dos Santos, o Bahia tem o direito de demitir a funcionária, no entanto ele pondera. É preciso ficar atento para ver se o clube, na condição de patrão, pressionou a ex-empregada, antes de precipitar a rescisão contratual. Matéria de autoria de Miro Palma do Jornal Correio desta quinta-feira

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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