O fim da linha que nunca chega

A acachapante derrota de ontem por 4×1 para o Santo André mais uma vez trouxe à tona a eterna irregularidade filosófica que acomete a maioria da massa ignara tricolor. O mesmo time que ganhou de 3×0 do medíocre América de Natal e fez a turba entrar em orgasmo, se desmanchar em elogios ao novo treinador, a proferir impropérios ao antecessor, fez a imprensa exaltar o feito como se a medalha de ouro em Pequim tivesse sido ganha. Fogo de palha. O Bahia, lembrem-se, só ganhou do Avaí e da Ponte Preta em Feira porque esses times tiveram jogadores expulsos, e ganhar de time com dez em campo não é façanha, é obrigação.

Volto a enumerar os culpados:

1) A torcida – verdadeiro algoz do tricolor, não porque entrou no Fazendão e meteu uns sopapos em alguns, mas porque insiste em apoiar o time, tem uns dois mil torcedores – na época da Fonte Nova eram dez mil – que vão até a treino, dão apoio irrestrito e se esquecem que este tipo de apoio é nefasto, fortalece parcialmente o time e acaba dando uma de feitiço contra o feiticeiro. Eu fui o mentor do “Renda zero” há anos, fui o primeiro a propor no Megafone, mas os abnegados se recusaram. Depois tentaram fazer de forma amadora, e não deu certo justamente porque alguns acham que o time não tem nada a ver com isso, que o Bahia é maior que tudo, e vejam o quanto eles estão errados. Mas agora o leite derramou. E as organizadas só se interessam pelos mimos, não pensem que eles invadem a sede em busca de melhoras, eles só querem de volta os ingressos de graça

2) A imprensa – ela faz o papel dela em cobrir os jogos, mas não concordo com o tipo de relacionamento que ela mantém com os clubes: fala bem quando pagam, descem o cacete quando caloteiam. E tem outra coisa: essa mania de transmitir torcendo. Isso é prejudicial ao extremo, a transmissão precisa ser isenta, precisa dar ao torcedor a noção exata da merda que está acontecendo e os caras ficam apoiando o “inapoiável”. Por isso que Cléber Machado se destaca na Globo, ele fala o que está acontecendo enquanto os outros ensebam e disfarçam

3) Eles, os eternos. Não precisa bater na mesma tecla.

Não adianta vocês aqui do site se desdobrarem em rasgações de seda, o Bahia está morto, minha gente, vamos enterrar, chorar o defunto e partir prá outra. Olha o Santa Cruz aí que não me deixa mentir…Duda Sampaio

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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