Racismo contra o nordestino

A CBF deu uma triste lição de desconhecimento das culturas do Brasil. Não queremos acreditar que tenha sido racismo contra o nordestino, embora a ignorância de nossa principal tradição não deva ser perdoada.

Onde é que está o prof. Virgílio que não viu um absurdo desse? Vitória x Internacional, no Barradão, no domingo véspera de São João, para deixar o rubro-negro angustiado com duas boas possibilidades de alegria.

Ou pega a estrada e curte o forró ou fica em Salvador para comparecer ao Monumental. Skinner diria: conflito de aproximação-aproximação. Duas situações positivas que deixam o ser humano dividido, tentando marcar colunas 1 e 2 sem poder.

A fenomenologia é clara, diria um Arnaldo César Coelho da academia. Não se pode estar, simultaneamente, em dois lugares ao mesmo tempo, de um ponto de vista físico. E o pior é que nem todo “interior” tem sky e é difícil achar quem queira comprar o jogo.

Pois, então, senhores gestores da CBF, maravilhosos empreendedores do futebol nacional: saibam que o São João, no Nordeste, supera Carnaval e Natal em força de cultura popular.

MORAL

É a festa que celebra a luta pela distribuição de alimentos, milho, amendoim, bolo de aipim, beiju de tapioca, e tanta gulodice feita de tudo que é coisa. O quentão, o licor, e tudo que é bebida típica também está na roda.

E vem a CBF marcar um jogo em Salvador para concorrer com o São João. Pelamor de deus, isso é coisa de quem não vê nada de graça no resto do Brasil, fora do famoso eixo Rio-São Paulo.

Eixo também era como se chamava a aliança entre alemães e italianos, reforçados pelos japoneses na Segunda Guerra Mundial. Pois, está na hora de deseixar um pouquinho e olhar as culturas do Brasil com um respeito igualitário por todas elas.

Para os rubro-negros que marcaram coluna 1, São João, e deixaram o Barradão pra trás, de coração apertado, restou lembrar de acordar cedo segunda-feira e pedir a dona Joaninha para ligar a televisão no jornal da TV Bahia pra ver se Genildo passava os gols.

Mateus entrou e apresentou os melhores momentos e deu pra perceber que o Vitória até desperdiçou duas excelentes oportunidades em lances que a bola beijou a trave e voltou. O Inter também perdeu um gol certo. Placar moral: 4 a 2.

LONGE

Placar Moral foi uma invenção do antigo Esporte Jornal de Luiz Eugenio. Revelava quanto deveria apontar o placar de acordo com as chances criadas pelos dois times em campo.

O apê do Saboeiro deve ter balançado com a rapaziada que está curtindo os dias de independência, a glória para a adolescência em processo de afirmação dentro da Babilônia.

O Vitória faz boa campanha e assim como pode ocorrer com o Bahia, se começar a vencer jogos seguidos, será um bom motivo de recuperação de nosso orgulho esportivo ferido, se continuar neste ritmo e chegar a conquistar uma vaga na Libertadores.

Se não der pra conseguir estrear na Libertadores, uma Sul-Americana cai bem. Seria como a seqüência dos passos sempre em frente que o clube vem dando depois de se recompor na era pós-Carneiro.

Não é impossível, pois os bons resultados revelam que há um grupo talentoso e um treinador competente. Não é bom incensar muito o menino Marquinhos Bebeto, porque ele pode mascarar, mas esse joga muito e pode ir longe, se não imitar Alan Delon.Blog Paulo Leandro

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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