Oposição do E.C Bahia engabelada

Justo quando o E.C. Bahia, que presumivelmente “nasceu para vencer” na vã suposição de que teria um comando devotado e correto, foi sovado em Caxias do Sul, perdendo de 4X1 para o Juventude, o cartola, misto de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, Paulo Maracajá, anunciou em “A Tarde” que será candidato a presidente, isto é, candidato à eternização – porque presidente de fato ele já o é – lá pelas calendas de 2011, data acertada, ou negociada, com a oposição que, na verdade, foi engabelada. E o foi porque assim desejou. Pessoalmente, gosto de Maracajá, mas o quero ver, ele e seu grupo, distante do clube nascido em 1931, mais da metade deste tempo controlado pelo mesmo grupo. Maracajá deixou a direção do Bahia numa longa crise instalada e que não se conseguia superar. Trocou-a, numa negociação política, com Antônio Carlos Magalhães e foi recompensado com um cargo do Estado, conselheiro do Tribunal de Contas dos Municipios, portanto remunerado pelo povo.

Salário elevadíssimo, mamão com mel. Ele já era integrante do carlismo como deputado estadual, assim como seu antecessor e mestre, Osório Vilas Boas, o foi, além de ter sido vereador, e, como presidente da Câmara, literalmente mandar no Legislativo municipal. Osório foi uma figura interessantíssima. Não se fazia de rogado para alardear o seu poder político, com direito a nomear na Câmara quem bem entendesse. Mas era queridíssimo pela torcida do Bahia, a tal ponto de ser candidato a prefeito de Salvador, obtendo votação extraordinária com o slogan “Osório e o Povo contra o Resto”. Eram muitos os candidatos e foi eleito o eng. Virgildásio Sena, derrubado pela ditadura. Era, reconhecidamente, um homem inteligente e hábil, embora sem o menor lastro intelectual e sem o menor senso de preservação pessoal. “Mancômetro”, diria. Paulo Maracajá foi seu discípulo.

O cartola foi posto, então, no TCM, afastando-se da política e entregando seus votos ao chefe carlista para que ficasse longe do clube, o que jamais o fez. Foi sempre a iminência parda dos diversos presidentes. Ou vocês acham que Petrônio Barradas, o “Barradão” que hoje preside o clube, manda em alguma coisa? Quando, há menos de um mês, diante do arrocho do governador Jaques Wagner empenhado em libertar o Bahia e a sua torcida da cartolagem de quase meio século, apertou o cerco, eles resolveram fazer um acordo leonino com a oposição que, infantilmente, aceitou uma longa transição para realizar eleições diretas em 2011. O acordo que Paulo Maracajá queria, com tempo para se aposentar do Tribunal – cargo vitalício – e continuar com a coroa da decadência e da vergonha de um clube, que a mim me agrada e do qual fui conselheiro, renunciando-o com uma nota publicada na minha coluna, em “A Tarde”, para não ter que me reportar a uma diretoria que não larga o osso. Pobre Bahia!(Samuel Celestino)

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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