O presidente de fato do Esporte Clube Bahia, o conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios Paulo Virgílio Maracajá Pereira, diz que o Bahia está pagando pra jogar, que as rendas não compensam, que o Bahia está sem estádio. É um chororô só. O eterno quer vender agora a imagem de vítima.
A pergunta que não quer calar é: de quem é a culpa? Ocupando há 35 anos o poder do Bahia, em uma das últimas ditaduras do mundo ocidental, o “eterno presidente” – que a maioria da torcida já chama de “grande coveiro” – foi quem deu a ordem para que o Bahia não assinasse o convênio com a Secretaria da Fazenda na promoção Sua Nota é um Show. No ano passado, com essa mesma promoção, o Bahia faturou mais de R$ 600 mil no Campeonato Baiano.
Em 2008, nenhum centavo, porque o dono do Esporte Clube Bahia embirrou e disse que não se submeteria aos caprichos do governo do Estado, que exigiu – para usufruto do benefício do Sua Nota é um Show – que as associações apresentassem transparência administrativo financeira e gestão democrática. Que Jaques Wagner seja torcedor do Bahia, tudo bem! Mas que não se meta na administração, moderna, planejada e vitoriosa do Fazendão.
Aliás, transparência e democracia são duas palavras excluídas do vocabulário daqueles que se apossaram do clube que um dia estampou como dístico “Nasceu para vencer” e, hoje, é motivo de chacota, com toda uma geração de garotos pronunciando uma frase impensável para a minha geração ou para as anteriores: “Sou um sofredor”. Não deixa de ser verdade: os jovens de até 15 anos – levando-se em conta que a “idade da razão” futebolística acontece por volta dos 8 anos – não assistiram ao ex-Tricolor de Aço levantar um caneco. É só tristeza, melancolia… – repetindo o genial baiano João Gilberto.
Paulo Virgílio Maracajá se orgulha do heptacampeonato baiano conquistado de 1973 a 1979, mas não apresenta na sua folha corrida o octa não-campeonato, de 2001 a 2009 (sem precisar ser vidente, em 2008 não ganharemos nada), colocando o Bahia no maior jejum de títulos em 77 anos de história.
Sempre me acusaram de radical, intransigente, xiita. Outras pessoas, mais diplomáticas, mais versáteis, acostumadas a engolir sapo e a arrotar princesas, disseram que o caminho era o do entendimento, da conciliação. E assim, mataram o movimento popular, quando milhares de pessoas foram às ruas pedir a saída de Maracajá e caterva do Esporte Clube Bahia.
Prometeram-nos uma saída pelo entendimento, honrosa, pacífica e nos deram a perpetuação do poder a gente que vai fazer a torcida sofrer ainda mais. Gente que vai enxovalhar ainda mais o Esporte Clube Bahia, condenando-o a essa morte lenta, a essa agonia desesperada, obrigando-nos a agarrar uma irreal esperança de milagre.
Mas milagre, meu caro amigo, só para os que praticam o bem; para os que buscam a justiça; para os que semeiam a liberdade. E estes, decididamente, não são atributos de Maracajá e sua trupe. A Bahia toda sabe disso. Nestor Mendes Jr – Jornal A TardeLeia também
Diretoria do Bahia se recusa a mudar estatuto por estádio de Pituaçu
A possibilidade de mudar o estatuto do clube para que o Bahia possa mandar partidas no Estádio de Pituaçu não está dentro dos planos do clube, de acordo com a diretoria tricolor. A exigência ainda não é oficial, mas corre em todos os meios esportivos e políticos de Salvador.
Questionado se aderiria às supostas condições do Governo da Bahia para a utilização de Pituaçu, o presidente do Bahia, Petrônio Barradas, chegou a se irritar. “Ainda não me chegou nada em termos oficiais, mas o Bahia tem a sua lei. Cada um tem o direito de decidir baseado no que acha melhor, e o Bahia também adota as suas decisões de acordo com a sua própria conveniência. Lá no Rio, o Botafogo pegou o Engenhão sem exigência nenhuma”, bradou.
Petrônio Barradas acrescentou que o Bahia respeita as leis federais e estaduais, e não admitirá que o governo entre em questões internas da entidade esportiva. “Quando temos nossos problemas, ninguém de fora chega para resolver. Se não chegam para ajudar, não podem exigir nada. Você já imaginou?”
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