Procuram-se comentaristas-jornalistas

Li o texto de um conhecido comentarista esportivo, em que ele se intitulava “comentarista-torcedor”. Infelizmente temos muitos comentaristas-torcedores e como ouvinte, eu gostaria de encontrar comentaristas-jornalistas, afinal torcedores somos nós. Então, o que nos diferenciaria?

Cada vez mais, sinto saudades do grande Armando Oliveira, que devia ter sua simpatia clubística, mas nunca percebi nenhum deslize por parte dele, pois sempre se manteve sereno e imparcial em seus comentários. O torcedor é um apaixonado, e quem tem um microfone nas mãos não pode ser passional, não pode perder as estribeiras, xingar, dizer que o juiz está sempre roubando o seu time. O jornalista não pode esquecer jamais que a credibilidade é a sua maior arma, é através dela que ele alcançará o respeito do público e, consequentemente, o sustento de sua família. Não há time que valha mais do que isso.

Lógico que quem gosta de esporte tem um time do coração, o que me deixa indignado é um profissional levar essa paixão mais a sério do que a sua profissão. Já pensaram se um jogador titubeasse ao enfrentar o clube que torce? Quem paga merece mais respeito e nós também. O que faria um árbitro-torcedor? O pior é que hoje existem por aí torcedores-comentaristas de arbitragem. Tenho até medo do passado desses profissionais.

Acho que o comentarista-jornalista deve ser imparcial, inclusive em competições nacionais, pois não dá pra saber quem está acompanhando a transmissão, e alguém de fora pode se sentir incomodado ao ouvir frases de incentivo à equipe local. Isso é respeito à profissão (vai além do respeito ao público).

Não gostamos quando os nossos times vão jogar fora e são desrespeitados, quando os narradores trocam nomes, os comentaristas desconhecem os atletas e a história dos clubes e comentam pra uma torcida só, quase sempre de forma tendenciosa, portanto, não devemos repetir o erro.

Acho que um jogador deve vibrar com uma bela jogada, um árbitro com uma grande arbitragem e um comentarista com a lucidez de suas palavras, esquecendo, naquele momento, as cores favoritas; guardando, naquele instante, a frieza necessária para o exercício da sua profissão, afinal torcedores somos nós e somos de graça, sem nenhum compromisso, nem mesmo com a razão e por isso podemos comemorar como crianças; eles, enquanto jornalistas, não deveriam.Por Fábio Luís

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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