Cronista-Torcedor

Confesso-me, sem qualquer constrangimento, que sou um comentarista-torcedor cada vez que nossos clubes se envolvem em competições nacionais. Mas um torcedor que não camufla erros e imperfeições nem escamoteia verdades muitas delas dolorosas. Sou daqueles que vibram com triunfos e belas campanhas com igual alegria de crianças à volta de fartas e coloridas mesas de aniversários…

Sou até daqueles que procuram vaticinar coisas positivas, repetindo com tal insistência, porque aprendi com a saudosa mamãe (preces no seu grande e merecido dia!) que, se a gente repete no íntimo e até fala para companheiros amigos determinada coisa, acaba acontecendo, pois os anjos da comunicação ficam sempre à espreita de nossos pensamentos, de nossas palavras e de nossas ações.

Nesta estréia de Brasileiros talvez eles não tenham ouvido os meus clamores. Ou estiveram ocupados em outros pedidos mais importantes, porque só um foi atendido: o do caipira Juca, que jogava em minha terra adotiva, Itabuna, ser um dos destaques do primeiro jogo do Bahia. Praticamente não fez nada o jogo inteirinho e acabou fazendo tudo, porque o tricolor só não perdeu três pontos para o Fortaleza, por causa de uma sua jogada individual e um golaço. Uma jogada, não, duas. Ele tentou a primeira, perdeu o passe e o equilíbrio, insistiu, recuperou, chutou forte, antes da entrada da área, o empate.

Na complicada viagem a Feira de Santana, no confortável carro de Márcio Martins, eu, ele e Ivanildo Fontes, enquanto reclamávamos do engarrafamento que nos fez buscar atalhos, inicialmente por São Marcos, depois por Águas Claras, também falávamos sobre as possibilidades de Bahia e Vitória em seus campeonatos. Viagem que deveria ser feita em hora e meia e que acabou em três.

As indagações de sempre: será que Bahia e Vitória ganham hoje ou se complicam? Procurei dar o meu apoio e o meu incentivo. Claro que podem ganhar! E se perderem não será o fim do mundo, porque ainda terão muito tempo para se recuperar, para os dirigentes corrigirem desníveis. Até mesmo na quarta rodada, a gente tem que ter paciência. A imprensa e os torcedores. E disse mais: Juca vai brocar hoje em Feira. Pode não ser o maior reforço do planeta, mas tem faro de gol.

Agora, que tudo já passou, ficam as imagens de uma primeira rodada em que tivemos uma participação muito pálida: um sofrido empate do Bahia contra o Fortaleza e uma dramática derrota do Vitória diante do Cruzeiro. Juca marcou o seu gol, nas duas pouquíssimas jogadas que fez, Rogério e Elias, dois dos melhores tricolores, jogaram muito abaixo do que pode, inclusive Elias andou até perdendo um pênalti – e o lateral Avine foi o melhor de todos em campo. O Bahia deixou a impressão de perder muitas oportunidades, mas há de se reconhecer que o Fortaleza cadenciou mais o jogo e mereceu o empate. Paulo Comelli precisa dar mais equilíbrio ao time, principalmente no expediente meiocampo-defesa.

Sobre a atuação do Vitória fiquei sabendo pela impressão do pião Joãozinho que, ao chegar à casa de meus sobrinhos Tonho, Mari, Tam e Jan, para passar o domingo, em Paraguassu, ele foi logo dizendo: “Vê o que é o futebol, o Vitória atacou o tempo todo e o Cruzeiro fez dois gols quando bem quis e entendeu”.

É bem possível que ele seja rubro-negro, mas se foi verdade, é mais do que certo que o bicampeão baiano ainda necessita melhorar muito para não voltar para a segunda divisão.Bahia Noticia/Edson Almeida

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

Deixe seu comentário