De suicídio a traição. Vejas os BA x VI’s onde o couro comeu

Assim como em todos os clássicos de futebol no Brasil e no mundo, muitas confusões marcam o histórico desses importantes jogos. E na maior rivalidade do Nordeste, o Ba x Vi, não poderia ser diferente. Personagens fizeram história, não apenas pela técnica e habilidade que apresentam, mas pelas confusões e rivalidades acirradas, mesmo dentro das quatro linhas.

A semana do primeiro clássico Ba x Vi do quadrangular decisivo sempre lembra ao torcedor baiano esses momentos quentes dos jogos. Dentro das perspectivas que rondam o jogo, o Futebol Interior vai dando continuidade à semana Especial Ba x Vi. A matéria desta quarta-feira vai levar a todos os amantes do futebol, algumas histórias dos principais “brigões” que marcaram os confrontos.

Fiquem ligados aqui no Futebol Interior, na quinta-feira mostraremos um dos heróis do clássico, o atacante Índio, do Vitória.

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► Bitonho (1934) – O brigão que se suicidou

Em mais um Ba x Vi ensolarado, o jogo tinha tudo pra transcorrer bem, mas uma série de confusões marcou o duelo nesse dia. Era um dia 2 de julho de 1934, dia da independência da Bahia e um duelo entre os dois maiores clubes do estado, marcaria as comemorações da importante data.

No histórico dos Ba x Vi’s, nunca uma partida foi “amistosa” e esse dia começou a confirmação disso. O Bahia vencia o Rubro-Negro por 2 x 1, quando o árbitro Vivaldo Tavares marcou um pênalti para o Vitória. O jogador Barbosa bateu a penalidade, mas o goleiro tricolor, Nova, se antecipou e defendeu.

E a confusão começa nesse momento. Vivaldo mandou repetir a cobrança, alegando que o goleiro tricolor havia se antecipado. As confusões foram generalizadas, mas depois de longa espera para repetição do pênalti, o próprio Barbosa igualou o marcador.

Mas, no intervalo da partida, Bitonho, do Bahia, partiu pra cima do árbitro e o agrediu, deixando-o sem condições de voltar ao jogo. O jogador foi preso e logo após liberado. Porém, Bitonho, ficou tão perplexo com a repercussão do fato na imprensa, que acabou se suicidando, ingerindo cianureto de potássio, composto químico com grande poder tóxico.

► Romero x Osni (1976) – O baixinho humilhou.

Tanto o Bahia, quanto o Vitória nos anos 70, formaram grandes elencos, de dar inveja aos grandes clubes de todo o Brasil. No ano de 1976, tinha em seu elenco jogadores como o guerreiro Baiaco e os habilidosos Fito e Douglas. Além do artilheiro do Campeonato Cearense, pelo Ceará, o grandalhão Beijoca. Esse havia retornado ao Bahia nesse ano.

Já o Rubro-Negro havia trazido para seu elenco os argentinos Andrada, uma dos maiores goleiros da história do clube e que tomou o milésimo gol de Pelé, e o atacante Fischer. Além do infernal e um dos mais habilidosos jogadores da Bahia em todos os tempos, Osni.

Em um dos jogos da decisão do terceiro turno, o Tricolor ganhou um turno e o Leão ganhou o outro, com um total de quatro jogos, o Vitória estava ganhando o clássico, foi quando o baixinho Osni resolveu infernizar. Colocou a bola no chão e ficou com o joelho em cima da gorducha.

O lateral-esquerdo Romero não gostou e se sentindo humilhado, correu atrás do ponta Rubro-Negro e o puxou pelos cabelos. E a confusão estava armada. Romero foi expulso, mas o Bahia conseguiu reverter nos outros Ba x Vi’s e se tornou tetracampeão baiano.

► Osmar x Tonho (1988) – Bahia tri, mas o “couro comeu”.

Após sete anos sem disputarem uma final, a dupla Ba x Vi se reencontrou em 1988, ano em que o Tricolor sagrou-se campeão Brasileiro da primeira divisão, em cima do Internacional de Porto Alegre. Na final do estadual, em 7 de agosto, o Bahia conquistara o tri Baiano, mas o que ficou marcado não foi só o título e sim como foi conquistado.

Quem vencesse a partida seria campeão daquele ano. O Tricolor havia feito três gols, com Pereira, Renato e Osmar. Mas, nesse terceiro gol do Bahia, feito por Osmar, o goleiro do Vitória, Tonho, se desentendeu com o atleta Tricolor e a confusão foi generalizada. Depois de muitas agressões de ambos os lados, o juiz da partida, Ducillo Wanderley Bucilla, encerrou a partida aos 40 minutos do segundo tempo e o Bahia foi tricampeão Baiano.

► Parreira x Preto (1995) – Briga além das quatro linhas.

Era mais uma tarde do maior clássico do Norte/Nordeste e apesar de um belo futebol jogado pelas duas equipes, o que ficou marcado no dia seguinte ao duelo não estava nas páginas esportivas e sim nas policiais. O zagueiro Parreira, do Bahia, e o volante Preto, do Vitória, fizeram o papel dos brigões dessa vez.

Mais um Ba x Vi marcava a história dos confrontos nesse dia, mas o que se viu de mais polêmico estava fora de campo. Preto, como era de costume, tirava os adversários do sério com provocações em todas as partidas e no clássico não poderia ser diferente. O volante teria insinuado ao zagueirão que teria mantido relações sexuais com a mulher dele. Claro que isso não iria acabar bem.

Muito nervoso com as provocações da torcida Rubro-Negra, que soubera do fato, Parreira deu um belo cruzado no queixo do baixinho Preto, que foi pra lona sem nenhuma reação. O xerife tricolor foi expulso. Um fato curioso é que os dois moravam no mesmo prédio e as contas seriam acertadas ali.

Quando chegou em casa, o volante Preto teve sua casa invadida pelo zagueirão, que armado, puxou os cabelos de Preto e o levou até a sua residência. Preto se ajoelhou em frente à esposa de Parreira e com um revólver na cabeça, pediu desculpas aos dois. O volante registrou queixa, mas Parreira alegou legítima defesa e o caso foi esquecido.

Mauricio Naiberg/AFI

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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